quarta-feira, 28 de abril de 2010

NOSSA SOLIDÃO DE CADA DIA

                                                 SOLIDÃO E VIDA

                                                                   Jorge Bichuetti


O cotidiano humano corre e na luta pela sobrevivência, o homem amarga desventuras e desfruta momentos de felicidade.
Vivenciamos, frequentemente, o desprazer, a dor e a angústia, como, também, as situações positivas, acreditando na força onipotente do destino.
Cresce, na civilização atual, uma queixa... Reclamamos da solidão...
É a perda de um coração querido, o fim de um romance... É alguém que parte... Um desencontro...
Mas é além: o tempo do homem tornou-se tempo ocupado; e a existência social despersonalizou-se.
Construímos redes de relações que se referem ao predomínio da sobrevivência material no universo dos interesses, e nos vemos esvaziados de relações sólidas e íntimas, férteis na alimentação da nossa harmonia psíquica.
O pão nosso de cada dia dai-nos hoje... Porém, em busca do pão de cada minuto, compramos a idéia de que a felicidade depende do quantum de bens adquiridos e, assim, esquecemos das necessidades do coração correndo atrás do enriquecimento pessoal.
Esquecemos da vida, da nossa vida... Da vida e suas demandas.
Sentimo-nos solitários. Todavia, não valorizamos no cotidiana o tempo necessário para cultivar nossas amizades.
Sentimos o mundo cinzento. Contudo, já não degustamos a companhia de um jardim florido, da brisa refrescante num passeio na mata, da beleza de um pôr-do-sol e do encanto de um céu estrelado...
Estamos sós!... Como? Nossos avós se depauperam nos asilos, nossas crianças se escondem em creches ou se perdem nos caminhos das ruas...
Como pode haver tanta solidão, se cada vez mais cresce o número dos desvalidos que em profunda tristeza vivem e morrem sem ninguém.
Solidão - amor perdido? Frustrado? Evitado?... Ou solidão é um fruto natural do modo de sobreviver egoísta que adotamos?...
Canta as montanhas azuladas das Geraes: “Amigo, é coisa prá se guardar/ do lado esquerdo do peito,/ dentro do coração...”
Talvez, vencêssemos a sentimento de solidão se abandonássemos este vil costume de procurar a vida nas entranhas de um cofre.
Quem muito ama nunca está só.
Quem se dá vendo na solidariedade o laço que nos faz social para além da competição e do individualismo, foge do controle de mundo de mercadores que anula o desejo e os sonhos e descobre novas estradas.
E nas travessias do mundo, quem caminha... encontra e se encontra.
Encontra parceiros de viagem. E encontra investigações na vida que o permite crescer e intensificar-se nos encontros da serenidade e felicidade.

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