quarta-feira, 7 de abril de 2010

SOCIEDADE DE AMIGOS: NOVOS ENCONTROS

                                                              O CÉU É POESIA VIVA


PISCADELA (Andréia Attié)


Compadres!
Acho que Deus piscou pra mim, duma estrela,
bem do canto esquerdo aberto do céu.
Óia!
Depois fez ventania e em cantoria
soprou nos meus ouvido:
Calma, filho... Calma...
Na manhã de páscoa...



A PONTE DO RIO GRANDE

                                                                                   Paulo Cecílio
... domingo

na porta,

nada importa,

vida torta.

Rua morta.

A frase corta:

tchau,pai...





 
 
 
 
 
                                                                   O PAI

                                                                          Paulo Cecílio

PASSAVA OS DIAS ASSIM ,
COSTURANDO UMA DOR NA OUTRA.
TECENDO UMA COLCHA DE DORES.
ASSIM OUTRAS DORES NÃO ESCORRIAM,
E PERMEAVAM O PULSAR DAS ARTÉRIAS.
QUANDO SEUS FILHOS TINHAM FRIO,
COBRIA-OS COM SEUS RETALHOS DE DOR
COLCHA DE RETALHOS. RETALHOS .
NAVALHA NA FOME DO ESPÍRITO,
MASTIGAVA SUA CORES.
SUAS DORES ERAM COLORIDAS ,
E TORNAVA-SE MÁGICO.
QUANDO DE AMORES ABANDONADO,
COBRIA-SE EM COLCHA DE RETALHOS .
COLCHA DE MÁGICOS.
PEQUENOS PEDAÇOS:
A FOME ERA QUADRADA E AZUL
O TEMPO AMPUTADO NO MEMBRO
ERA VERMELHO E PONTIAGUDO.
SEU FILHOS.
SEUS FILHOS ERAM FLOCOS DE NEVE,
MIL CORES. MIL FORMAS. MIL SONHOS.
OS SONHOS:
ESTES ERAM ROZA BEM CLARINHOS
QUE ACENDIAM UMA BRAZA MANSA,
NO TEMPO IRRECUPERÁVEL.
TANTOS ERAM,
QUE SE PERDERAM NA JUVENTUDE DUVIDOSA

Go(s)ma de Mascar

                                                                              Fernanda de Lima Almada


Quando olhei a prateleira farta
entre tantos que nem sei....
Todos aqueles em que nem reparei...

Este me querendo...
e eu desejando o outro:
Menta ou Morango?

Aquele me capturou
com o frescor anestesiador.

O êxtase...
Quando o despi por inteiro, sem pudor,
e passei a conhecer sua essência...
o cheiro... o ardor...

E na dança frenética
de língua, dentes, saliva e torpor...
Não sei ainda se mastiguei ou fui devorada...

Agora
continuando o movimento constante...
sem cor... sem sabor...
sem excitar...
Só faz doer esse maxi-lar.















“O pulso, ainda pulsa...”

                                                                                    Camila Bahia Leite



Sentimentos
Estranhos,
E ao mesmo tempo já conhecidos,
Buscam liberdade
De ser
De viver.
No silêncio do divã,
O pensamento divaga,
O sentimento galopa,
Tentam trocar palavras,
Com o mistério
Velado, vetado, proibido!
Esperto, ele se disfarça,
A fantasia surge
E a vida ressurge,
E se revela,
Ao tentar não revelar-se.
                      

Amor/Paixão

                                                                                          De


Tenho sonhos de pecados,
coisas proibidas,
mas se bem analisados,
não são sonhos.
São desejos do coração,
bem vivos,
quase afagos em minhas mãos.

Desejo você no café
depois de acordar...nos seus braços.
Quero você no banheiro,
e vê-lo pelo espelho.
Seu beijo de despedida, embalando-me o dia inteiro.

Quero suas aflições e seus sonhos,
suas dores e seu sorriso, a doce respiração do seu sono,
sua preguiça e seu brilho.

Quero cuidar-lhe...
dar-lhe banho de perfume,
cortar-lhe as unhas e,
na embriaguês do ciúme...


...afundar na sua cama,
abraçar seu travesseiro,
proteger-lhe do frio,
enxugar seu suor,
e sorver suas lágrimas,
mornas...
doce desvario.

Quero estudar seu corpo
com as minhas mãos
e com a minha boca.
Sua pele arrepiada,
seu coração disparado,
eu quase louca.

Desejo sentir
que não lhe deixo sozinho,
que preocupo com seus espirros,
sua cabeça em meu colo,
seu rosto sob meus carinhos,
sua barba crescida
arranhando meu corpo,
seu olhar profundo
se fechando devagarinho. 










 
 
 
 
 
 

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