quarta-feira, 21 de abril de 2010

A SUBJETIVIDADE CAPITALÍSTICA E O NOVO

                                                      POR UMA NOVA SUAVIDADE
                                                                                 JORGE BICHUETTI

Vivemos numa sociedade falocêntrica.
A subjetividade capitalística é branca, edípíca, falocêntrica, machista... Força bruta: conquista e dominação.
... Um dia , acordamos e a olhamos e achamos pouca...
Temos sede de ternura...
E vemos a hipervalorização do mais forte, do grito hostil, da esperteza que subjugaa, da tirania que oprime...
Vemos... Vemos...
Canhões... Na palavra, no ato, na vida...
Na calçada, uma criança esfarrapada passa fome...
Um velho solitário lacrimeja num banco de jardim...
A mulher esconde hematomas e lágrimas...
O índio sem Terra, o negro num canto...
O amor? objeto- posse - exposição.
O carinho já esquecido permanece na carência dos sensíveis. Também, esquecidos...
A mercadoria e o lucro gerenciam os valores e o homem nunca é visto ou sentido por suas potências suaves de devir amor, num espaço e num tempo, onde vale mais a guerra do que a paz.
Assim, somos... Assim, vivemos...
Neste minuto, um doente agoniza sem que tenha junto a si uma mão generosa que segure a sua que teme e treme; um menino desnutrido falece alucinando com alguma migalha de pão; um travesti é esbofeteado e um usuário de crack, torturado; agora, em algum lugar, um lágrima cai...
Tudo isto não tem valor...
O que vale é o poder: do dinheiro, das fazendas, do capital... da fama, da vitória... da violência...
Selva devastada, rios poluídos, a dengue...
Não tivemos ousadia de exigir dengo, e nos acomodamos à dengue.
Edípicos: triangulamos, excluímos, projetamos e nos repetimos.
Fugimos do desejo.
Do desejo que se fabrica no entre das conexões de produção de vida. Vida livre. Plena. Suave e leve, feito o vôo das andorinhas.
Nosso desejo é um teatro sem lugar para o outro , já que reeditamos a nossa falta, oceano nirvânico de prazer que perdemos...
Desejamos o oceano , mas não ousamos navegar.
Vivemos no gozo de um terceiro excluído.
Não ousamos conjugar a multiplicidade da potência amorosa que infinita na finitude de riso e de uma cumplicidade que nos fazem grupos, humanidade, gente vivendo com gente, por amor e ternura e não pela necessidade do espetáculo fálico da dominação.
Contudo, entre tantos espinhos, quando teremos coragem e oudasia de deixar a fumaça da cidade para ir à procura de alguma flor-do-campo, que tenha consigo os diálogos noturnos das estrelas e os escritos diurnos do sol?
Entre tantas palavras, escuto ressoando o óbvio do cotidiano: quem é mais, quem pode?...
E relembro Deleuze: é necessário matar o ego.
Este ego... faloego... ego-poder... ego-brutalidade... ganância e narcisismo.
Bion disse que a superação do narcisimo se dá via solidariedade.
Ela , também, mata o eu... Cria o encontro, o nós...
A suavidade de uma vida que amando, se dá...
Ganhos e dividendos, geram a dominação, a exploração e a mistificação.
O dar e se dar - compondo uma sinfonia de solidariedade, produz uma nova subjetivação;  a suavidade amorosa do homem que num devir ternura é um guerreiro de um novo tempo, o tempo da leveza onde o abraço e carícia, o companheirismo e abnegação já não são perda de tempo, são tempos potencializados no acontecimento do novo.
Tempo que não se perde... Arte de viver, amando. Vida de arte, criando o novo, o ético e o estético de um jeito de ser onde o corpo pode... simplesmente multiplicar-se na vida que trama um novo amanhecer.

















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