quinta-feira, 30 de setembro de 2010

DIÁRIO DE BORDO : HÁ UMA FLOR NO MEIO DO CAMINHO...

                                                                                           JORGE BICHUETTI
Chão molhado. E este cheiro de terra me despertando para uum novo dia, com a memória de outros dias vividos na escuridão.
Não sei de onde vem estas lembranças... Tudo corre sereno, até a Lua, a pequena peralta, anda quieta, aninhada no entre dos meus pés e do meu coração.
Os álamos verdes, feito o verde mais brasileiro das nossas florestas, espiam esperançosos o sol que nasce tímido, feito um galã charmoso num filme de amor feliz.
Contudo, recordo: escuto como se alucinasse o anjo Cazuza , gritando " Brasil, mostra a tua cara"...
Eu já vi a cara do Brasil em tantas faces, em tantas lágrimas e tanto sangue, que talvez, estas memórias venham do choque entre o Brasil dos meus sonhos e o Brasil que já viveu tantas crueldades.
Já o vi num menino com sua navalha , negociando na esquina o pão de cada dia...
Já o vi nos portadores de sofrimento mental, castrados numa cela-forte ou contorcidos pelo nazismo de um eletrochoque...
Já o vi nas florestas abatidas, nos índios alcoolizados no lamento da terra perdida...
Já o vi no rosto cabisbaixo dos desempregados, na fome e na miséria...
Que triste cara já teve o meu país?
Hoje, o céu não chegou, porém já há dignidade e esperança e o povo caminha com cuidados que resgatam a cara de um país, o meu país, um país feito de alegria e gol, de reza e festa, de labuta e explendor...
Não estamos no céu, mas há uma flor no meio do caminho...
Uma flor profética:" podem cortar uma rosa, cortar, duas , tres rosas, não conseguirão impedir a chegada da primavera".
Há uma flor no meio do caminho... E ela é a nossa esperança de devir eternamente uma primavera florida, longe da escuridão da opressão e da exploração.
Cuidem desta flor... Esta flor é um sonho de um brasil com cara de felicidade e ternura, solidariedade e justiça.
Entre o medo e a esperança, ora: Senhor, vela pelo Brasil,; meu povo permita que esta flor se multiplique na continuidade de um jeito de governar que é a providência do cuidado para com os pobres e infelizes.

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