quarta-feira, 13 de outubro de 2010

BONS ENCONTROS: SOBRE O ESQUIZODRAMA

Amigos, o esquizodrama é uma instrumentalização das práticas clínicas, políticas , institucionais, pedagôgicas e sociais baseados no pensamento de Deleuze_guattari, que o seu próprio inventor nomeou DRAMA DO DEVIR. Trata de experimetações intensivas que visam desterritorializações radicais na segurança de experimentos laboratoriais ( arte com rede), onde raspamos nossos instituídos e vivenciamos a potência de devires inovadores.
Hoje, ouviremos a professora Patrícia Ayer, uma guerreira dionísica, que ministra disciplina de Grupalidade no Curso de Especialização em Esquizoanálise e Esquizodrama. Fala-nos com sua profunda perspicácia e sabedoria da sua comprensão sobre o esquizodrama:
Oi!
Algumas reflexões s/ o Esquizodrama.
Há belas contribuições do Prof Baremblitt em seus textos s/ Esquizodrama.
Encontrei algo interessante em um texto: “O método da Dramatização”, no livro A Ilha Deserta, de Deleuze.
Deleuze se refere ao movimento da dramatização, que é figurado por dinamismos espaços-temporais.
Entendi que os figurantes deste drama esquisito são movimentos do tempo e do espaço não convencionais!
Parece que são através desses dinamismos, próprios da dimensão virtual da realidade, que quatro aspectos se atualizam:
1)      Emergem espaços e tempos particulares ou particularizáveis;
2)      Os dinamismos espaços temporais determinam qualidades (especificações de formas e jeitos de existir) e quantidades (extensões);
pareceu-me que esses movimentos, onde os dinamismos espaços-temporais são ativados pelos exercícios esquizodramáticos, vão determinando formas novas com suas qualidades, tamanhos e jeitos de ser;
3)      Os dinamismos se expressam em idéias/sentidos que são entendidas e respondidas com as questões>>como isto acontece, onde, quando, quanto, com quem e em que caso?
4)      A pergunta ‘o que é isto?’ não funciona, porque remete a uma essência; há uma resposta universalizada quando se pergunta o que é isto!
5)      Os dinamismos espaços-temporais, próprios da dimensão virtual, ativados pelos Esquizodramas, produzem e exprimem um sujeito larvar, titubeante, precário.

O que eu entendi?
Que o plano intensivo, virtual, é habitado pelos dinamismos espaços-temporais, constituindo um plano de agitações, velocidades, ritmos variados, direções múltiplas, buracos do tempo (meio parecidos com as situações de apaixonamento e drogadição ou cansaço extremo...), em que as intensidades são sempre desiguais entre si, cada uma constituindo uma diferença pura.
Este é um meio (como se diz na biologia) de onde emergem, se ativados pelos exercícios esquizodramáticos, esboços, movimentos fortes (que não podem ser considerados regressivos), sentidos-acontecimentos, sujeitos precários e surpresos, experiências físicas e psíquicas um tanto surpreendentes (que podem ser abortadas pelos protagonistas)...enfim, um estranho teatro/drama da crueldade, no sentido que lhe dá Artaud, da crueza do acontecimento; a coisa que acontece é dionisíaca, no sentido de que conserva uma estranha lucidez associada à embriagues!!
 A palavra da Dra Ayer é sempre uma convocação, chama-nos a aprofundar as experimentações, as reflexões e , principalmente, nossas próprias experiências de vida. Nossa gratidão a ela e nosso carinhoso abraço.

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