sábado, 23 de outubro de 2010

SOCIEDADE DE AMIGOS: O POETA VOANDO, UMA AVE POUSANDO...

                                        PARADOXOS DO DESEJO
                                                                       PAULO ANDRÊ  LACERDA ALVES
Se ao viver não gosto....
Fazendo, estou deste modo
Repelindo de forma mental
A dor que o corpo goza pleno

Em tamanho despudor,
Sinto falta e saudade,
Frustração e solidão,
Seria isto esconder...

Ou seria somente achar
Uma nova saída para amar;
Alguém enquanto me amo...
Me encontrar... naquilo
Que o mundo pede retorno

                                                                          MORTE
                                                             PAULO ANDRÊ LACERDA ALVES

Ampulheta tenaz
Conta o que se esquece
Aos sentidos ébrios...
Um instante de consciência,
Furta aquilo que se conhece...

A alma entregue
Nos braços de seu dono,
Capataz da vontade própria
tripulante de um barco estranho.

Púrpura e diferente...
O sol, céu e o ar,
Melancolia bucólica.
Conforto do lar...

Cerra teu olhar;.
Rouba seu ar.....
O pulsar do seu coração;
Não mais estará.


                                                              MAGIA DO DESEJO
                                                   PAULO ANDRE LACERDA ALVES


Sufoco em um gozo profundo o acaso do encontro.
As notas macias, no acorde do violão acordado consolam o corpo
Dos dotes ofertados sem a promessa matutina;
Segue sozinho, perdido e apertado.
Em busca de um novo acaso

Passado o presente, perfume renitente te guarda o olfato.
Vela nas memórias, o caso guardado insatisfeito,
Cumprido dentro do não prometido
Vão se histórias em eufemismos nostálgicos....

A dissolução evidente, guarda a dúvida,
O medo, insegurança latente...
Dúvida em relação ao que quer que seja....
Acontecerá amanhã ou mesmo no presente!?....

A subversão do desejo acaso aja ensejo
De acordar emaranhado nas cordas,
Tocadas em um soneto:
Forte, amante e carente


                                                      HOLOCAUSTO EXISTENCIAL
                                                            PAULO ANDRÊ LACERDA ALVES
  Uns vinte  séculos passados deixam  novos homens  escreverem o processo de mudança.
Capturados, muitos ficam presos às subjetividades contemporâneas.
Porém, nomes comuns criam o novo. Através do grito e do silencio.
A história recorda de forma ingênua, fatos e fotos. Poesia moderna, recortes cartesianos do mundo lógico.
A insatisfação, pulsão crescente de desejo, então, passa a comandar tempos psico-analíticos de construção mental.
O grito do Édipo, do ego em crise, força perdida em meio às pedras belas portadoras do lar recôndito.
Nascem da necessidade, do grito e do trabalho, novas ferramentas de construção, em terrenos atemporais e adimensionais.
O devir homem, protagonista novo do coletivo, surge então do desejo não mais filho da falta, e sim do que nos sobra.
A partir daqui, mãos em queda, homens ao chão.
Esforços ofertados em excesso para uma demanda que corrompe.
O processo lento de revolução do pensamento continua através dos mais corajosos e daqueles que tem o foco centrado em seus objetivos.
Ao olhar louco para a loucura, vê-se o mundo inteiro, possuído na chama da mudança emergente.
A realidade reclama um pouco mais de fidelidade à criação insurgente. Incessante revolta contra o domínio.
Das leis aos novos conceitos, a estupefação diante da surpresa ofertada, o novo mundo é forte. Como o devir monstro que devora o ultrapassado, serpente a engolir a própria cauda.
Nas linhas de produção o chip troca o homem de lugar, manda o operário sentar, atrás da mesa, prossegue a submissão.
Salutar alívio ao ver que o homem tem ainda no cerne uma centelha do que ele é.
Capturando a utopia, desvenda o poder imanente e prossegue rompendo com o que não é seu por direito.
Escolhe o novo, sem esperar nem frustrar o que lhe é devolvido, na busca de ser mais humano.

           
                                                          É NOITE
                                                                     JOSIANE SOUZA
 é noite...
sucumbe no manto cinzento
a agonia do crepúsculo ausente,
é noite...
em que rastros pútrefos do silêncio
são pingos estranhos de chuva,
é noite...
sombras gargalham mudas
no chão umidecido do quarto,
é noite...
soluçam permeio as paredes ocas
os fantasmas da vaguidão,
é noite...
e noite é dia anoitecido
de tanta noite tendo amanhecido!


                                                              Por detrás dos olhos
                                                                      Layslla de Souza
 
Durante toda a vigília
Lembro-me do teu sorriso bucólico
Observo teu olhar eufórico
Mesclado de melancolia

Toda rutilância guardada
Teu saber absconso quase confundível
Perfil ambíguo quase indestrutível
Quebrou-se diante a chegada

Efêmero mistério
Oculto por detrás das expressões faciais
Na maioria das vezes, artificiais
Quebrando o silêncio da alma
Tomada por minha modéstia calma

Finalmente! Pude sentir-lhe aproximado
Enxerguei seu secreto interior
Quem sabes ainda houvesse pudor
(Nada muito perfumado)

Ao conquistar-lhe mera confiança
Pude desfrutar um pouco do teu viver
Ainda distante de (a fundo) o conhecer...

Quem me dera haver mais uma dança!
 
                                                                                    MOMENTO
                                                                                Josiane Souza
Abra sua mente, e sinta o eflúvio,
que lentamente traz o zéfiro da noite negra e misteriosa.
A lua prateia seus raios na lisa superfície do lago, deixado pelo beija-flor
que insaciável e inconstante resquesta todas as rosas,
daquele infinito jardim rubincundo...
Estrelas se abrem entre lírios,
orvalho que avança, suicida,e
derrepente se lança contra o olho vermelho:
fornalha da manhã.
E agora, espumo com o trigo reflexos de mares,
o grito da criança escorre pelo muro.
E eu, eu?
Eu sou a síbila amatória.
Eu sou a flecha!
 
                                                              DOMÍNIO DE UMA ALMA
                                                                           JOSIANE SOUZA
A chuva é uma alma perdida
a sambangar solitária e deprimida.
Seu destino é chorar pelo nada,
e deixar que seus sonhos se esvaem pela enchurrada.
Tétrica, quando se debruça pela madrugada,
dilacerando os corações repletos de saudades emolduradas.
Suas lágrimas quanto choram penetrando nossos corpos
expelem desejos de euforia, até então, mortos!

Nuvens danaçando pelo céu enlamaçado
em junção cinzenta de amargor,
por onde centelhas fugazes, aguardam
até soltarem seu grito atrovoado, de dor.
E o canto sirênico atirando em nosso telhado
desperta o nosso mais profundo sentimento retalhado.
Lágrimas surgem dos nossos olhos soturnos e bruxeleantes,
e rolam por nossas faces, até
serem absorvidas por nossos lábios secos e intrigantes.
Vamos até a janela e observamos,
a enchurrada que parece arrastar consigo todos os nossos desejos, todos os nossos sonhos,
num só passaroco instante.
 
 
A PAINEIRA
PAULO CECÍLIO

outubro racha tua fruta,
range teu velho tronco.
no delicado véu de noiva que veste,
tua semente alça  vôo/ à terras distantes.

3 comentários:

Layslla de Souza disse...

Obrigada por postar meu poema (Por detrás dos olhos), Jorge!
Grande abraço!

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Dialoguemos no sonho da poesiaa. Na ternuura da amizade jorge

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Layslla, bem-vinda à caminhada de poesia e sonhos, lutas e alvoreceres. jorge