sábado, 13 de novembro de 2010

DIÁRIO DE BORDO: VIVER É PERIGOSO

                                                                                            JORGE BICHUETTI

Sol claro, casa seca... A Lua e suas peraltices... numa alegria de quem se vê livre e amada.
Ontem o temporal... Casa inundada, alma inquieta.... O mundo de pernas pro ar..
Administramos melhor os grandes problemas do que os pequenos dissabores do cotidiano.
O que acontece? Simples, nas grandes lutas acordamos o nosso guerreiro interno e nos movemos com a coragem e a altivez de soldado que se descobre no coração de uma grande batalha.
Já nos pequenos incidentes e acidentes da vida, corremos o risco de nos posicionar na condição de vítima, uma estátua esperando alguém que o livre do mal...
A vida não é um jardim florido, podemos semear e flori-la com rosas e margaridas, hortências e girassóis...
A vida não é um mar calma e sereno, podemos remar e tomar o leme dos acontecimentos, conduzindo-nos à um porto seguro.
A vida não é... A fazemos... E a fazemos com luta, perseverança, determinação, paciência e sonhos...
" Viver é perigoso"... Não viver o é muito mais...
Aqui, estou... na alegria de quem , depois do temporal, recomeça... Sonhador, audacioso, e desejando os mistérios do caminho.
Adoecemos quando sofridos ou machucados, contrariados ou aborrecidos, abandonamos a nossa condição de estradeiros, caminhantes, homens da estrada.
O medo e a insegurança, quase sempre, nascem de situações desagradáveis que cristalizamos, eternizamos, dentro de nós.
Brinquemos com as lágrimas,cicatrizemos nossas feridas... e prossigamos.
Sejamos filhos da esperança ou do que os surrealistas denominaram otimismo antecipatório.
Evitemos sujeitar nossos mentes a um acontecimento nefasto, antecipando a dor, a derrota e a desilusão.
A vida trama... e trama, renovando-se ao longo da caminhada.
A vida se abre... e se abre, instaurando novas perspectivas, novas oportunidades, novos caminhos.
O doente é alguém que nocauteado pelos sofrimentos se esqueceu de sua própria saúde e potência de vida.
Manuseamos, frequentemente, nossas derrotas e nossas feridas, negando o que pode o nosso corpo e que pode a nossa vida...
Agimos, paralisados pela falta... E não exploramos a vida e o corpo como excesso: podemos, temos  potências e sonhos.
Refletindo, descobriremos que viver é experimentar e seguir, amando a estrada e explorando a força dos sonhos. Assim, se tece o alvorecer...

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