sábado, 4 de dezembro de 2010

DIÁRIO DE BORDO: ONDE ANDAM AS FLORES?

                                                                           JORGE BICHUETTI

Nova alvorada... Os pássaros me enternecem e cantam, livres e plenos; vivem a vida nas asas da alegria e, assim, a conhece, olhando-a do chão e a vendo das nuvens...
A quietude dos álamos me indica um dia de forte calor... O que faz meus olhos roubarem algumas gotas de orvalho e chora, pensando: já, 350000 pessoas morrem na Terra devido o aquecimento global.
A Lua inquieta, vigia... A rua e seus rumores... Um gato mia; um jovem se arrasta, delirante...
O silêncio da madrugada narra os gritos da alma humana... Desvalida, solitária, faminta...
Onde andam as flores?...
Morreram?
Se calaram?
Ou já estão afônicas, de tanto gritarem e ninguém as escutarem?
" Quem sabe faz a hora não espera acontecer."
Vivemos tempos de indignação...
O luxo e o lixo disputam os raios do sol, e o homem segue... Segue, consumindo, competindo, violentando, maltratando a vida.
Nos campos, não há flores; há queimadas...
Nas matas, não há flores, há desmatamento...
Nas cidades, não há flores, há poluição...
Pelas ruas um canavial de carros despejam no ar o escuro da devastação.
Pelas fazendas, uma metalurgia de cana espalha a fuligem da destruição.
Enchentes, terremotos, maremotos, tempestades... são gemidos da natureza.
Algo é necessário fazer...
Não existe, por acaso, um flor sobrevivente que vive no seu coração?
Escute-o... Escute-a...
Não há vida sem sustentabilidade... Não há vida sem preservação da natureza... Não há vida sem reparação dos danos causados ao planeta...
O que estamos esperando? O apocalipse? As trombetas e os cavalos do fim?
Façamos algo... Que voltem as flores e com elas a luta pelo dignidade e pela vida.
Não existe amor sem respeito, cuidado, cumplicidade e proteção... Amemos a Terra...












A Rosa de Hiroshima

 Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas oh não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroshima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A anti-rosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada
                                                            Vinícius de Moraes

Nenhum comentário: