quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

DIÁRIO DE BORDO: SEXUALIDADE, AMOR E TERNURA...

                                                                         JORGE BICHUETTI

Somos atravessados pela temática do amor e do desejo... Marcuse, em Eros e Civilização, nos mostra como corpos genitalizados, reprimidos e suprimidos de suas potências de amor e prazer.
Queremos um grande amor e nos afogamos nas lágrimas de um amor medíocre.
Almejamos a liberação sexual e acumulamos um baú de frustrações e insatisfações...
Conservamos o ideário do amor cortês... Trágico, impossível, cavalheiresco...
Na verdade, nem sempre temos logrado a felicidade.
Michel Foucault assinala que o amor heterossexual, aprisionado pelas repressões do instituído, alcança se apogeu no clímax da sedução, no processo da conquista, no enamoramento.Assim, seu ápice se dá nos amantes cinematograficamente subindo as escadas à procura da alcova.
Já o amor homossexual - o amor que não dizer o nome - pela clandestinidade vivencia uma exaustão de um sexo onde todas as possibilidades de prazer são exploradas, chegando à banalização do encontro, uma vez que já não há  descobertas e que experimentando-se tudo, acaba gerando um esgotamento do encontro. Neste sentido, o autor define o ápice , o apogeu, na hora da despedida, na hora de se pagar o taxí...
Estamos numa encruzilhada... Embora, sem dados empíricos, ouso inferir que gastamos muito pouco tempo com a vida em si mesma; o tempo consumimos com o trabalho e a temática sexo-amor...
Ora, nos vôos delirantes das paixões ilusórias; ora num covil de lágrimas, mágoas , culpas e ressentimentos..
A natureza ama e se ama, numa ética e estética que faz do sexo um bailado de encanto e encantamentos, de magia e fecundidade...
Nós,não; vivemos numa encruzilhada...
Que fazer?
Não existe um manual de felicidade para o sexo e o amor...
Todavia, observando os encontros , notamos que se dão com um deficit valioso de ternura.
O carinho e a carícia, inclusive, se tornaram apenas peças do jogo preliminar.
A ternura pode acoplar e sustentar o homem no caminho do aprendizado do amor e do seco, como fontes de alegria e vida.
Afinal, por que não experimentar o que pode a ternura?

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