domingo, 12 de dezembro de 2010

DIÁRIO DE BORDO: SOBRE A LIBERDADE E A SERVIDÃO

                                                                          JORGE BICHUETTI

Café quente... O calor terno da minha pequena Lua tentando distrair-me e me levar... para o seu mundo de encantos e brincadeiras onde a seriedade é só uma trapaça para o a vida girar...
Ela, a Lua, é leve e suave.... Eu, Noel Rosa...
Ando, apaixonado por sambas...
Eles, mesmos os tristes e chorosos, me soam alegria e liberdade...
Pode a tristeza gerar alegria e ativar rupturas libertárias?
Vivemos um tempo de uma ditadura sutíl... A ditadura da felicidade, do sucesso, da beleza e do poder...
A vida parece compulsoriamente desafiada a correr nos trilhos da  vitória.
Consumimos, escravizamos nosso tempo, ocupamos um lugar de respeito e realce, somos felizes...
Como é isso? Pode-se, verdadeiramente ser feliz, quando está não nasce da liberdade de ser e existir no compasso dos nosso desejos e sonhos, mas, sim, por decreto externo que nos sevicia e nos robotiza, fazendo-nos viver alheios a si mesmo e presos ao instituído nas normas dominantes do exirtir sedentário, individualista e exibicionista do nosso mundo de espetáculos.
Liberdade, liberdade... abre as asas sobre nós...
Que liberdade é a liberdade que ousamos desejar?
Votamos, podemos nos organizar em grupos e até nos manifestar politicamente...
Vamos e voltamos, e não conhecemos fronteiras...
O sexo não é mais proíbido, e se pensa que cada faz o que determina para si próprio...
O poder opressivo há muito deixou de se impor através do uso do não, abusa-se do sim e por meio do sim se priva do homem da liberdade genuina...
Podemos viver diferente, o sistema não nos dira não, nos privará do sim e nos colocará à margem e iludidos com a falsa liberdade vigente nos acreditaremos livres, não oprimidos nem reprimidos, porém fracassados.
E é isto que os teóricos da sociedade mundial de controle nomearam inclusão diferencial...
Para sermos fracassados, calamos o próprio corpo e a própria alma, e vivemos...
Vivemos sem direito ao ócio e à preguiça...
Vivemos com o tempo todo ocupado e sem tempo para brincar, amar, passear e sambar... Sem tempo para perguntar: qual o sentido de tudo isso que me deixa sem tempo?
Vivemos como servos, servos luxuosos e vitoriosos...
Demorei muito a entender que a natureza não me entendia....
A pequena Lua tem sido minha professora... Paciente e persistente, me revela... que não vi o cacho novo de flores brancas e cheirosas que fascina a vida quintal da minha casa... que não percebi nem senti a brisa no baialado do álamos que cantam silenciosos a dádiva refrescante do vento... que não vi as cores novas do pôr-do-sol em notei o brilho encantado das estrelas...
E descobrindo, que liberdade é vida intensa na alegria e tristeza, mas vida potente nos desejos e sonhos... Eu canto, "om que roupa eu vou, pro samba que você me convidou"...

4 comentários:

Jose Caui disse...

Jorge, tambem estou curtindo Noel Rosa, e samba de primeira, o melhor de todos.
Ouça na voz de Mart'nália
http://www.youtube.com/watch?v=S2rgFIsOEgc&feature=player_embedded

Filosofia

O mundo me condena, e ninguém tem pena
Falando sempre mal do meu nome
Deixando de saber se eu vou morrer de sede
Ou se vou morrer de fome
Mas a filosofia hoje me auxilia
A viver indiferente assim
Nesta prontidão sem fim
Vou fingindo que sou rico
Pra ninguém zombar de mim
Não me incomodo que você me diga
Que a sociedade é minha inimiga
Pois cantando neste mundo
Vivo escravo do meu samba, muito embora vagabundo
Quanto a você da aristocracia
Que tem dinheiro, mas não compra alegria
Há de viver eternamente sendo escrava dessa gente
Que cultiva hipocrisia

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

E assi vamos, com alegria, superando os momentos difíceis e semeando floradas de ternura e paz... Um abraço carinhoso amigo, De caminhada e de samba... Jorge

Marta Rezende disse...

Jorge querido, como está apaixonado por sambas , a rádio uzinamarta lhe ofereceu dois, na voz de duas "bonecas" maravilhosas.
beijo
Marta

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Encantado, Marta, com samba, amizade e devires ... Um abraço carinhoso. jorge