sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

POESIA : ASAS DA LOUCURA ( 2 )

                                                LOUCO AMOR
                                                       Jorge Bichuetti

A for
que nasceu
no meio do meu corpo:
cheira,
brilha,
seduz
e espera
o pouso de uma borboleta azul;
e, com, ela,
os ternos voos
das contrações do amor.

E, você, a estrela caída
e enroscada nos quartos
ensolarados
do meu coração,
silencia...
Não canta um samba do Noel,
nem declama um suspiro de Florbela...
Quanto silêncio!...
Não há Rosa, Melodia, Bandeira...
Há pessoas, não, Pessoa;
há barros, não, Manuel...
Nem mesmo Bethânia e seus encantos de deusa.
Um quadro de Portinari,
hoje, dá lugar aos escandalos dos  jornais...
Não há praça, nem luar.
Há hipnóticos,
mas, os sonhos se foram
e, com eles,
embora, não acha ido o meu amor,
partiu as minhas ilusões.

Por que uma estrela?
Se ela já não se lembra,
não ama,
nem espera
as notas mágicas do infinito,
que, a mim, me levam,
na indescritível velocidade de um instante,
aos encantos azuis, mágicos,divinais,
do meu , longinqüo, mas amado céu...


                   DELÍRIOS MATUTINOS
                                              Jorge Bichuetti

No delírio, invento
um outro mundo
e um outro "você".
Nele, meus eus
caminham juntos
e, até, bailam
de não ser nenhum...

Alucino. E o mar, bruto e selvagem,
torna-se um doce corcel,
branco... e acetinado,
que me transporta
para um reino,
onde os relógios se quebraram
eos raios das fantasias
encaixotaram a razão...

Louco, vivo no arco-íris dos sonhos,
e me banho num lago
que me tira as nódeas
do que os homens chamam vida,
vida lenta, vazia, insípida,
uma vida comum,
que chega a ser menos vida
do que um qualquer funeral...


                                     A AGONIA DO AMOR
                                                 Jorge Bichuetti

Oamor anda gasto,
devastado
e cinzento;
ele anda no mercado
e já não brilha nos palcos...
ele é uma flor seca
no meio de um livro;
um alucinôgeno sombrio
que se vende, compra e se dá
nas liquidações febris das esquinas....
                                           LIBERDADE, LIBERDADE
                                                               Jorge Bichuetti

Liberdade é oudaia,
um canto da multidão
que cala os fantasmas,
os roucos da covardia
que vivem
e sustentam,
na história, a escuridão...
                               
                          MULTIPLICIDADE
                                        Jorge Bichuetti

Palhaço de circo. Moleque
ddas travessuras da rua.
Um poeta do luar
perdido numa noite escura.
Cigano. Um velho de muleta,
cambaleante e trêmulo,
sem alguém que o escute,
sua história de bravura,
e suas mentiras de alma pura.
Puta. Uma bailarina
de um cabaré falido.
Um dom Juan sem charme
e um vadio esperto,
malandro de ginga e fé
que negociou sua vida
e se perdeu nos assaltos,
com uma arma fatal
na sua mão tão faceira,
mão de afagos e juras
que era a luz de um pandeiro.

Quantos existemem mim?
E quantos nem mesmo nasceram...
Eu? não resisto a um espelho,
sou eu... e uma multidão;
um povo... mil corações.
Um corpo é uma prisão
ou, um palco,
cortinas abertas,
para o drama ou a comédia,
das múltiplas vidas que carrego;
nem sabendo... se sou uma diversa multiplicidade
ou se só sou... o esonderijo de alguém... ou de ninguém.

Nenhum comentário: