segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

POESIA: VOOS NA INFINITUDE DO FINITO

                                   UM ANJO
                                               Jorge Bichuetti

Nos caminhos da vida, um anjo
mora no coração de cada homem...
Um anjo alado, azul, terno e suave:
corre pelas campinas floridas,
sorrindo e cantando,
cheio de estrelas cintilantes...
Um anjo serpenteia nos nossos sonhos,
poetiza os encontros
e põe sementes de magia
no chão árido da existência...

Há um anjo, anjo adormecido...
Não odeixe no porão
do seu corpo cansado,
nem o silencie
com as ruminações
dos seus próprios desenganos...

Acorde-o e o carregue...
Leve-o, consigo...
Na estrada, ele, acordado,
amorosamente, lhe revelará
o anjo que você é...
Um eu desconhecido,
uma vida de flores e estrelas,
ternura e suavidade
que anda entre os seus eus,
desprezado e perdido...

Entâo, nada nos impedirá de voar!...


                               FLORESCER
                                                  Jorge Bichuetti

A flor não existe
sem a seiva do amor;
ela perfuma
e embeleza,
copiando o brilho
dos olhares
e as centelhas coloridas
dos corpos cintilantes
na paixão dos amantes...


                                 BORBOLETEAR
                                                Jorge Bichuetti

Vagar, voar, brilhar...
Bailar, cantar, amar...
Uma rede de balança,
um beijo ao luar...
Na, grama, um descanso;
na lua, um louco sonhar...

Somos borboletas e somos
a vida errante;
um experimento da alegria,
que se viu de nós afastada
pela fuligem das cinzas,
ali, depositadas,
pelo vulcão das nossa dores...

E neste perambular
nos tornamos, de novo,
borboletas entre flores...


                            ONDE MORAM NOSSAS ASAS?...
                                                    Jorge Bichuetti

Nossos pés sangram entre pedras e espinhos;
nossos corações se ferem no nevoeiro de sonhos,
paixões, mágoas, desencantos e desencontros...
Nossos lábios tremem e se dilaceram, mutilados,
no vácuo dos grunhidos das palavras
e dos voos dos longos silêncios...
Nossos pensamentos dobram e se desdobram
entre imagens, conceitos e reverberações...

Onde, enfim, moram as nossas asas?...

Nossas asas papitam e bailam
no entre das cicatrizes do corpo
e o próprio corpo, caos e frenesi,
dissolvido e diluído, num fluxo
onde o finito e o infinito
se abraçam num coito incorporal...

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