domingo, 20 de março de 2011

SOCIEDADE DE AMIGOS: UMA ELEGIA À MULHER...

                                                             LOBOS UIVAM PRA LUA
                                                                  ( uma poesia cafajeste )
                                                                                                       Lincoln Almeida

Macho ferido de morte,
macho doído que dói,
orgulho partido de dar dó.
Talvez é chegado o crepúsculo do menino Zeus.

Acorda macho, quem sabe há tempo.
Mulher não é mais capacho,
don Juan quer é mãe,
quer peito...
Para, olha o que tua inveja tem feito!

Mulher não quer  só macho:
quer mais!
Quer companheiro,
cúmplice
quer lado fêmea pra também ser macho.

Cavaleiro cruzado,
amante latino,
gaúcho de bombacha,
pernambuco bom de rasteira,
mineiro de ZunZunZun no pé da orelha,
tem mais lugar não.
Mulher tá cheia!

Cheia de vida,
cheia de desejo,
cheia de si,
cheia de pau- d'água que quebra casa e
vomita nela...

Cheia de seus bois suados
que se esfregam uns nos outros,
tesudos e embriagados,
nos balcões dos bares
em infindáveis finais de tardes...

Serão miúras,
ursos polares,
córceis negros ou
gazelas ao contrário?
Quem o sabe?

Parideira de profissão
só mãe,
avó,
bisavó...

Parir, pari sim.
Mas, seu homem tem que nascer também.
Feto morto dentro dela, leva mais não...

Ah, macho apavorado,
perdeu a hegemonia.
Vagina dentada
arranca teu membro,
te curra,
te castra...

É a mulher existindo!
Capaz,
audaz,
loquaz,
perigosa,
viva e eficiente...

Anda meu camarada,
quem sabe dá tempo.
Deus ainda não é andrógino,
harmonia deve tardar um pouco mais.

Não canta de galo se é pinto.
Esposa mãe tá acabando,
é raridade.
Ala das Amélias chegou à quarta-feira de cinzas.

Mas, macho que é macho esbraveja e
roda a baiana;
manda à merda e
impõe:
Pinto é meu
Pinto sou eu.

Êta, cabra coitado.
Confuso,
perdido,
enlouquecido e
desamparado...

É, compadre,
realmente
nunca fomos senhores de nada!
Ela existe,
respira, produz,
seduz e
não depende mais de nós.

Se quer mesmo vai e
se entrega.
Fala menos,
sente mais.

Entretanto, se não suporta,
então espera, pois breve,
muito breve
haverá um cacho
e, de presente na tua fronte, um par,
ornado por lindos penachos
de cornos pontiagudos e longos
do tamanho do teu descaso!

Respeita a pessoa meu chapa,
não só a matriz!
Cresce,
sai da toca,
dá as mãos pra ela,
as boas vindas ao mundo,
pede perdão pela merda toda da
Idade Média.

Do contrário,
geme,
chora,
reza pro teu santo e
acende velas...
Esperneia se quiser.
Espuma a boca,
dá tiro pra tudo que é lado
mas, sai da frente,
é inevitável:
abriram-se as portas
aí estão elas.

Nenhum comentário: