segunda-feira, 25 de abril de 2011

POESIA: ENTRE A RELVA E AS PEDRAS...

                                      A MAGIA DAS ROSAS
                                                              Jorge /Bichuetti

As flores olham o pássaro
e vendo-o entre as folhas
dos altivos álamos, sonham...

Pensam no azul, alto céu,
e se sentem prisioneiras
do chão, entre a relva e as pedras...

Todavia, a fantasia dura pouco;
logo, esquecidas do voo, somente
escutando o canto, recordam...

dos amores inspirados, dos risos
e das lágrimas, por elas perfumados...
O pássaro canta... traduz no ar
a paixão encantada na ternura
da inebriante sensualidade das rosas;
elas, cacho... se descobrem, então,
magas do carinho, no alto, cantado...


                        MENINOS, PASSARINHOS...
                                                           Jorge Bichuetti

Este pássaro nômade,
veio de longe,
e bebendo a água
da minha casa,
me disse no silêncio
dos seus olhos negros,
o quanto é acolhedor,
as paredes e o teto,
o fogão e as torneiras
da minha singela casa.

Ele, com seu olhar espantado,
nada compreendeu do meu pranto;
é que vendo-o sedento
e cantando a alegria do meu lar,
vi, alucinando, a multidão
de meninos que na rua
adormecem, imaginando
acordar num canto,
no calor carinhoso de uma pobre casa...













                                               PAIXÕES TRISTES
                                                                  Jorge Bichuetti

Nunca estás nas horas de solidão;
não vens quando meu choro clama...
Vives, longe... muito além dos meus
abraços...

Não me dás o carinho esperado;
nunca sabes o quanto é deserta
a vida, assim... a noite te enlaça,
eu passo...

entre lágrimas e recordações,
esperando as alegrias do nosso amor virtual...
Longe, sorris... Meu pranto cai, distante
dos teus braços...

Nosso amor é o labirinto do desejo
desencontrado. Ilusão, uma doce miragem.
Só... te percebo pluma no vento; no chão, eu,
pedaços...


                                   REBELIÃO
                                               Jorge Bichuetti

Caiapós, arachans...
Graós, quilombolas...
Tupis... sabiás...
Aroeira... águias...
Gabiroba... bem-ti-vis...
O cerrado indignado
chora suas nascentes,
cachoeiras e manacás...

O luar entre árvores
guerrilha, sonha, resiste;
samambaias nos riachos
convocam serpentes e jacarés,
gatos do do mato, cútias e pardais...

A natureza insurgente
não deseja esperar,
já fez sua convocação
com os fantasmas ancestrais,
o cerrado unido irá
rebelar-se... e, depois,
sossegado, na seresta da aurora,
verdejante, a vida irá festejar...


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