segunda-feira, 25 de abril de 2011

SOCIEDADE DE AMIGOS: TERNURA INSURGENTE E PAIXÃO OUSADA...

                                MENINO DE RUA
                                        Paulo André Lacerda Alves

Com o nariz colado a vitrine da loja,
por um instante a me esquecer
e,  no vidro que abafo meu hálito,
lembro dos meus doces vender...

Com a boca suja do açúcar que eu tinha,
o desespero e a dor se fazem presentes,
na fome e solidão que sinto
Cansado de pedir...  à  deus e aos homens

Volto à rua,  sozinho;
debaixo de risos e escarninhos,
subo na ponta dos pés para te ver
dentro  do carro me recusar...  e  seu filho me olhar

Eu, preço do seu sapato...
Eu, preço da sua comida...
Eu, preço do seu prazer...
Eu, que você se esqueceu de conhecer...

Meu nome não importa.
eu nada significo aqui escondido,
para  o seu sol de ouro,
eu sou só o sangue de um  outro...


                      BAILARINA 
                                   Paulo André Lacerda Alves

Ah  linda princesa...
Bailarina de olhos azuis, sereia no mar,
nessa mesa de bar com taças cheias,
quero contigo subir e dançar;

enquadrar nos esquadros de meus braços
o enlace perfeito, te sentir aqui
perto de meu peito
que dançando arfante
segue delirante sonhando
com o encontro juvenil;

de passos ébrios caminhantes,
felizes de uma noite dançante
a falar de sonhos, uns mil
que guardo aqui a te mirar...

Admiração profunda
que no oceano de seus olhos
se afoga como em profundo mar
com as taças cheias a nos embalar...

Curvas ao vento,
seus quadris soletram
o que mais poético tem
na antologia de um corpo em movimento...

Sentimento de homem livre esperto,
salto longe, mesa em mesa,
para te ver mais de perto,
perfume teu que me acalma...

Deste salão, minha bela,
tua se torna a passarela;
embalado no jazz suave:
Beco em beco, viela em viela


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