terça-feira, 31 de maio de 2011

GEOGRAFIA DA SUBJETIVIDADE LIVRE: CAMINHOS DO DEVIR

                                                  Jorge Bichuetti

Num mundo de depressão, pânico toxicodependência... vazio existencial e angústia urge que pensemos na construção da nossa subjetividade.
A apatia, o desalento, a acomodação e servilismo caracterizam nosso funcionamento assujeitado; passivo-reativo; nadificado e coisificado por um mundo que forja subjetividades submissas, atrofiadas e amordaçadas...
Não vivenciamos o que pode um corpo... As potências da experimentação e nossa capacidade inventiva e inovadora...
Nos arrastamos na vida como escravos das nossas lágrimas e vítimas dos algozes que nos abatem, presas indefesas que somos...
Há um outro mundo no universo da nossa vida que ainda não nos apropriamos: não nos apropriamos da nossa potência criativa e guerreira de funcionar como subjetividade livre.
O que nos bloqueia?... E o que nos sustenta servis e submissos?...
O fatalismo e o niilismo são operadores que criam uma armadura que nos suprime dos contatos e afetações que nos levariam a um funcionamento libertário.
A desesperança é um produto e um produtor das subjetividades assujeitadas.
Se não cremos que há caminhos de libertação só nos resta, então, funcionar como amos ou servos; sendo ambos, formas de assujeitamento quando pensamos o que pode uma vida...
A subjetividade assujeitada, servil e submissa, se sustenta na paranóia: o mundo é dicotomizado e vemos amigos e inimigos, estamos sempre na defensiva... fugitivos de nós mesmos.
A libertação passa , assim, pelo amor, pela ternura, pela solidariedade, pela partilha e pela compaixão...instrumentos éticos, e não morais, de incluir-se e incluir... O assujeitamento funda-se sempre na exclusão, na estigmatização e na negação da alteridade da vida.
O homem servil sempre está alienado de seus desejos e sonhos, pois, se afirma num gueto fascista de exclusão do outro: não aceita novas conexões e sente-se traído com toda perda e partida...
O que nos liberta dos assujeitamentos?
A vida suprimida pelo funcionamento excludente: a magia, a poesia, o sonho, a utopia, a historicidade do nosso caminho e do nosso caminhar...
Para libertar-se, precisamos assumir a autoria do nosso destino, rompendo com os condicionamentos que nos levam a crer e a viver como se a vida sofrida e maltrapilha fosse a única possibilidade, uma obra da natureza... Um fruto do azar; um escrito das estrelas...
Assim, chegamos ao cuidar de si de Michel Foucault e a leitura da violência de Fanon...
Para Fanon, a violência entre iguais, horizontal, é fruto da violência silenciada que sofremos dos que nos exploram e oprimem... Deste modo, a subjetividade livre emerge da ética dos direitos humanos e da ética do bem comum que nos levam a lutar contra as injustiças e pela paz e que nos subjetivam humanidade solidária e terna.
Cuidar de si - todo assujeitamento vem da nossa vida entregue a um alheio... Um tirano, um par simbíotico...
Somos livres quando nós mesmos fabricamos um modo de existir e uma ética... Nos governamos... Autononamente... Libertariamente...
Só somos livres na potência do devir...
Só somos livres nos portais do porvir...
A liberdade é conquista: semente fruto de um novo mundo... Uma poesia viva nos voos de liberdade da arte de existir... De existir para, com e entre... sonhos de amor e poemas de igualdade...

2 comentários:

Concha Rousia disse...

Este imprimi para ler fora do PC, será um prazer reflexionar contigo fora no quntal, depois eu um dia volto aqui, abraços com carinho, Concha.

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Concha, caminharemos conversando e sonhando; abraços, jorge