quarta-feira, 25 de maio de 2011

POESIA: VINTÉNS DE ILUSÃO

                                        A SOLIDÃO DO CURIÓ
                                                                    Jorge Bichuetti

O curió canta encantado
na soleira da casa,
agora, abandonada;
ali, ele viu no passado
os jardins floridos do amor
e os sonhos pueris dos pequenos -
passarinhos humanos,
que cirandavam de alegria
na vida de riso e fantasia...

O tempo passou... A casa, ali,
ficou... só e assombrada por
teias do ontem preservado
na memória das ruínas
arqueológicas das trágicas
mudanças no campo devastado
pela industrialização campestre
que despovoou o rancho e inundou
de indigências as pobres favelas...

Agora, só o curió canta...


                                          AFRICANEIDADE
                                                                Jorge Bichuetti

meu corpo pau seco
fogo incendeia
chama fogueira

meu corpo ave ninho
acolhe chocadeira
germinação sideral

espaço estelar baila
pele negra áfrica
canta dança cativeiro

meu corpo voo - adeus:
liberdade mandingueira


                                        SENSUALIDADE PRIMAVERIL
                                                                         Jorge Bichuetti

Um garoto moleque
mora no fundo do quintal
da minha alma

onde brinca de deus
bricolando o verde e o animal
nos meus sonhos
desejos
crepitantes
fagulhas da fogueira
festa e ciranda
sensual...


                         POEMETOS

                              POEMETO DESTEMIDO
                                                                Jorge Bichuetti


O barco nas ondas vorazes
não pode recuar;
entre a areia e o horizonte,
há o mar...

                              POEMETO SENTIMENTAL
                                                                Jorge Bichuetti

Sementes do amor,
serenata de ardor:
flores na janela,
abrem na noite
a brisa da aurora...

                             POEMETO DA MARÉ
                                                    Jorge Bichuetti

O que fazer
se a maré
me leva... leva,
eu vou... vou
pra outros mares
outras poesias
outras tempestades...

2 comentários:

Concha Rousia disse...

Depois de minhas leituras no quintal e de escrever meus poemas desta madrugada vim te ler, e achei sincronia nos nossos textos, os cantos, os pássaros, e os passados que não passam... Um prazer começar o dia aqui, deixo um abraço, ainda com a música da melra do meu quintal, Concha

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Concha, teu quintal tem a formosura das poesias que voam nas nuvens e pousam nas estrelas... Um carinhoso abraço, que sempre cante a melra dos teus madrigaois... Abraços com ternura; Jorge bichuetti