domingo, 22 de maio de 2011

SOCIEDADE DE AMIGOS: VERSOS DA GALIZA NUMA MUNDANEIDADE CÓSMICA

                             O meu rio
                                          Concha Rousia

A vida passa por mim
como um rio de gente
a me povoar

Hoje doem-me os que já se foram

Sinto também as dores dos que agora passam
E doem-me os que virão
quando o meu rio secar.





                              Despovoadas
                                                   Concha Rousia

Detecto o sofrimento humano
nos rostos esculpidos da cidade

Rijas enrugas de um olhar sem ver
de um olhar para dentro
mas a um vazio...
a um mundo desabitado
um mundo cheio de ocos
cheio de abismos escuros
que nascem nas pupilas
duns olhos que são tristes janelas
de brilhos apagados...

Dentro o sofrimento das gentes
que vivem despovoadas
que moram sozinhas em seu
imenso interior...
desproporcionado,
infinito mesmo.





                    Um poema vivo da história...
                                                      Concha Rousia


Galiza, Março de 2009

O primeiro de Março
o deserto chegara
às nossas almas
desoladas...
ante a devastação
começamos já
a erguer dentro de nós
um exército de árvores.








                                    
                                   LÍNGUAS E LÍNGUA...
                                                              Concha Rousia


Língua minha, perdoa
Língua minha
extensa carícia do Universo
alongado eco que banha os continentes
e nós... a renegar dela

Língua minha
grande
amiga
independente
esquece este terrunho que te ignora
logo de te ter parido
a ti renuncia
Que caste de mãe es tu...
...Galiza
que o mais valioso
o mais eterno
teu filho
teu idioma
aborreces
chamando-o estrangeiro

A minha língua é emigrante como eu
foi polo mundo
medrou
apanhou sotaques
como eu
E a ti Terra...
...Galiza
eu pergunto
novamente pergunto
que caste de mãe es
que porque medra tu filho
tu o rejeitas
Língua minha
ergue o teu berro
eu darei-te a minha voz
para que fales
para que sussurres ao ouvido
para que grites...
até que a Galiza te reconheça





3 comentários:

Concha Rousia disse...

Como é bom, meu amigo querido, viver, sentir a vida, com laços de amizade por cima de fronteiras, físicas ou de qualquer índole... Adoro morar aqui em teu jardim de sonhos, flores e teu quintal de palavras cultiváveis e libertadoras, adoro te saber andar nos mesmos caminhos que eu ando, abraços com cainho e admiração, Concha

Concha Rousia disse...

ahhhh vejo que conheces a Susana Seuvane, essa mulher que faz falar a gaita... Abraços, sempre! Concha

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Concha, quando caminhamos e o fazemos com a vida cheia de sonhos de libertação e mudança a amizade torna-se um flor e um sol - farol de vivificação do caminho; eu que lhe agradeço pelo carinho... Já a gaita descobri ontem vagando sem rumo por Galiza que já amo... Abraços com carinho e ternura; Jorge