terça-feira, 24 de maio de 2011

SUPERANDO O PÂNICO ( 2 )

                                                            Jorge Bichuetti

Pânico - crises deseperadoras de angústia paroxística com a sensação de morte iminente, desmaio e enlouquecimento... Um dor que se alastra...  Nela, cruzam os temas temidos da humanidade: sexo, morte, culpa e ressentimento, vazio existencial, buraco negro das repetições cronificadas...
Que fazer? como sair, bifurcar?...
Construamos nossa trajetória por caminhos e encontros que possam nos instrumentalizar na produção de uma criativa superação...
Guattari afirma que somente a compreensão da finitude dos processos existenciais nos permitem sair do assujeitamento para uma relação ativa de sujeito, da vida, do caminho e da história.
A angústia, o vazio e falta de sentido está dada... é do mundo e da vida; porém, encontra-se exacerbada pela vida contemporânea onde o homem está à mercê do individualismo, da apatia , do espetáculo e das relações líquidas...
Contudo, Satre volta e volta instigante e com profunda fertilidade: a liberdade é a capacidade de escolher, optar, selecionar e nas escolhas elaborar um projeto... Um projeto fortalece uma vida - dá cor e sabor, sentido...
Nos tira do redemoinho onde o diabo é o nosso próprio ego, vulnerável e narcísico.
Nietzsche acrescentaria: viver é superar-se; reinventar-se como vontade de potência que dá vida a uma posição de desejo... E, assim, se sai das ações reativas e de subordinação para ações ativas e afirmativas: o super-homem...
Espiniza surge com uma ética de viver: a potência do corpo que se compõe nos bons encontros regidos pelas paixões alegres...
Este cenário de conversação, concide com um cuidado inspirado em Deleuze-Guattari que aponta para a produção singularizante de linhas de fuga e para a morte do ego, do ego de identidade permanente, restrita e repetitiva. Falam do novo, do devir... Do rizoma, da máquina de guerra...
A angústia emerge como uma reverberação do ego doído, conflitivo, constrangido...
São os suspiros e estertores do édipo... Funcionamento nuclear, competitivo, de triangulações e de identidade rígida.
Somos rizoma: multiplidades singularizantes; singularizações multiplicitárias...
Carregamos nossas dores e as levamos, passivamente... Não montamos uma máquina de guerra para o seu enfrentamento...
Então, o pânico pode ser melhor superado, se saímos do império do ego e se nos percebemos como seres capazes de se refazer... inventar projetos, nova vida, novos sentidos e incrementá-los como luta potente de uma vontade desejante que assume as rédeas da própria vida, fortalecida pela alegria dos bons encontros que nos subjetivam corpos de potência... Ativamente, agindo; criativamente, desejnates... e vivendo a produção de linhas da vida que realizam nossa complexa multiplicidade, já que somos uma multidão de vidas no contexto da nossa vida-caminho... conseguimos montar uma rede produção de vida onde as florescências do devir nos colocam num espaço-tempo distante da angústia do finito e da sexualidade narcísica e nos dá vida nova, permitindo novos horizontes...  Assim, o superamos, amplicando nossa capacidade de conectar com as forças da vida e com a montagem de redes sociais que num projeto libertário , desenham no espaço do infinito um porvir, no aqui--agora de nossas vidas...
O pânico é a angústia da vida na solidão de um porão; a cura-superação são asas de voar, sonhar, e viver, com intensidade e alegria...

16 comentários:

Preludios do Infinito Particular disse...

Dr. grata por compartilhar este texto que nos desbrava derrubando as cruéis justificativas da solidão e do caos interior. Muitos estudos e estudiosos desta ciência nos fazem acreditar em uma fórmula mágica que todos nós carregamos dentro de si, mas que poucos querem ou sabem insistir nesta centelha que é a vontade de abrir o coração que, por vezes, não aceita outra coisa senão a superação do próprio EGO. Egoísmo em querer apenas o que se quer e não querer o que se deve. A natureza grita por socorro, a solidão do doente padece nos leitos hospitalares, e julgamos ser a nossa dor gigante. Nada mais podemos querer senão a paz interior, as cores da vida e o respeito a si mesmo e as limitações que nos ajudam ser mais felizes e livres. Abraço e o Dr. já cresceu em tudo para mim, especialmente em generosidade. A arte já se faz presente em ti. Com carinho ... Lou Moonrise.

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Lu, eu estava temeroso de dividir um texto: ouvindo-a agora, fiquei feliz; e senti que relata com precisãoe sensibilidade as coisas que venho pensando sobre a dor do sofimento mental. Esquecer o ego, expandir via coração, afirmar na alegria-arte-vida... Caminhos do sonho e luta... que geram fortalecimento íntimo.
Obrigado por suas reflexões. De coração.
Abraços com carinho; Jorge

Anônimo disse...

Ah, Jorge!

É tão fácil às vezes nos deixarmos guiar pelos caminhos que nos levam à escuridão da alma, não é?
Mas há mesmo que se ter força de vontade para sair. Ter fé e acreditar... e sobretudo aceitar que nem sempre tudo sai como queremos.
Não devemos desistir de ser felizes.
Gostei muito do seu texto.

Te desejo uma semana cheia de magia!

Para terminar, uma musiquinha para alegrar o coração:

http://www.youtube.com/watch?v=GaKyzvleiv8

Beijo grande!

Sanzinha

Sergio disse...

É preciso encarar os monstros de nosso íntimo, ter coragem para não cairmos na autopiedade, abrir mão das "muletas" e "amuletos" que só servem como falsos autoajudas e autoafirmações. É preciso assumir o eu interior, enterder as limitações, explorar a capacidade, ignorar certas vaidades e obter a percepção de que a vida é a melhor recompensa quando se é um degustador da beleza. Abç!

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Sansinha; a vida nos dá tarefas e nos oferece caminhos: tudo chega por acréscimo dos passos dados e da alegria de viver. A escuridão é um foco-imã... porém, penso, que podemos ir descobrindo velas e na chama de cada uma um novo horizonte... Assim, vamos lutandoe vivendo feliz com a vida e conosco mesmos. Abraços, ouvirei a canção, paz e alegria. Ternamente; jorge

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Sérgio, tudo que difalaste é a mais profunda realidade, penso... Temos que nossa força mora dentro de nós, na nossa própria singularidade; se a vivemos construindo o bem de todos, a vida clareia e ganha novos sentidos.
Abraços com ternura; jorge

Unknown disse...

Superando o Panico. Texto excelente e nos da uma boa compreensao.Me chamou a atencao sobre a colocacao: "A angustia emerge como uma reverberacao do ego doido, conflitivo, constrangido..." Angustia, ansiedade,sensacao de uma constante idas e vindas tao presentes hoje....Com certeza esse texto amplia a nossa visao sobre o tema. Um abraco.

Rosemildo Sales Furtado disse...

Nas horas de desconforto, prefiro me entregar a ELE com toda FÉ, pois somente ELE saberá decidir o que for melhor pra mim, em conformidade com o meu merecimento. Belo texto amigo, muito profundo.

Abraços e fique na paz de DEUS.

Furtado.

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Fátima, a angústia reverbera nossa eu- centro da vida; quando ampliamos a vida ela - a ngústia, se fragiliza, pois já não somos apenas nossa dor e alegria: somos o outro frotaleza e paz.
Abraços com carinho; Jorge bichuetti

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Furtafo, meu amigo, Ele, misericordia sem limites e piedade que não tem fim, nos acolhe enos alivia;; porém, ele nos deseja donos ede si: estou preparando uma leitura de suas lições que são pacificadoras dos anseios humanos - um manancial d e vida. Pleno acordo; Abraços com ternura; jorge

PAULO CECILIO disse...

O pânico é a angústia da vida na solidão de um porão; a cura-superação são asas de voar, sonhar, e viver, com intensidade e alegria...

obrigado pelo bom dia, amigo. PROJETEMOS! SONHEMOS! ACUEMOS O BICHO!!!

Paulo

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Paulo, tem pequeno comentário sobre Galiza e Concha: o III esperarei que leia e aprove, projetemos com alegria -esperença e destemor... Abraços com carinho, jorge

Concha Rousia disse...

Realmente libertarmo-nos das exigências sempre desnecessárias do ego é sair de um grande presídio que nos prende interiormente e não nos deixa sair... Abraços grandes e com carinho, Concha

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Concha, o ego - comitê central - é um carrasco, não?... podemos metamorfosear. E isto é belo; abraços com ternura, jorge

Concha Rousia disse...

rsssss o ego, sim, ele é carrasco, adorei... vamos metamorfosear e metaforizar, com os olhos abertos, sem medo, sabendo... abraços e carinhos, Concha

(Vim colocar o carrasco no seu lugar)

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Concha, dizia que os carrascos nós os derrotamos com riso, poesia, dança e música numa inspiração nietzscheneana... Abraços com imenso carinho, Jorge