domingo, 31 de julho de 2011

DIÁRIO DE BORDO: ÊTA, MUNDIN... E LÁ FORA A IMENSIDÃO...

                                                    Jorge Bichuetti

Lua no céu; Luinha no meu colo, cheia de carinho: amor reconciliado. Ela, não deixa por menos, é um cãozinho danado de genioso...Mas, terno, não resiste a um carinho. No quintal, miro o infinito e tentando ver longe, como se meus olhos fossem o olhar dos altivos álamos, me sinto próximo do luar e das estrelas... A roseira se prepara para novas floradas... O limoeiro e o romã tão vaidosos me mostram seus frutos... A natureza encanta e nos dulcifica... Todavia, ela também nos pede que pensemos na imensidão... Olho, de novo, o infinito e comparo com o glorioso mundo globalizado que críamos com guerras, mortes, tecnocentrismo e anulação da palavra singular... da vida de risos e folguedos das crianças; das paixões intempestivas dos jovens; da sabedoria prosaica dos velhos... Excluímos a vida para gerar um mundin... um mundin que cada vez mais cabe na nossa mão, mas deixa um grande vazio no nosso coração.
Êta, mundin... Que mundin é esse?...
O mundo que vivemos é um mundo de ilusões, delírios e alucinações coletivas... Cremos que vencemos barreiras e distâncias, que nos tornamos cultos e universais... e que, agora, definitivamente, miséria e fome é preguiça...
Ilusões...
Na Internet, no celular, na multidão cremos que somos muitos... muitos amigos; porém, se choramos, nossa lágrima amarga a ausência de um ombro amigo...
Temos excesso de informação e vazio cultural... Pela Internet, vejo e escuto tudo, o conhecimento, agora, é universal e ilimitado...
Talvez, seja um velho saudosista: mas, queria neste domingo, estar um sarau aconchegante... ouvindo a poesia de Terezinha Hueb e Jorge Nabut, junto aos quadros de Jammal, Celía e Siqueira... surpreendido por uma instalação de Demilton... e voando nas asas do Voz Do Cerrado...
Sinto falta de cultura... num momento de abundância de informação...quero cultura nomeada na pulsação visceral da vida reencantada pelo belo da arte e da magia do sonhar...
Que mundin é esse? não existem crianças; já se nasce pré vestibulandos... os jovens são silenciados nas suas singularidades... e o velho é chamado para o lugar da incapacidade...
Ontem, vivíamos a sociedade disciplinar, estudada por Foucault. O urbano excluía  mediante a segregação asilar; hoje, na dita sociedade mundial de controle temos que foi nomeado como inclusão diferencial... Não estamos fora; porém, não somos iguais ... Criou-se vida líquida e invisibilidade...
Modos de excluir... anulando a singularidade das pessoas e dos encontros... Todos podemos estar...  Porém, sem solidez... desmanchamos no ar... Porém, sem visibilidade... Somos click's...
Ah! que saudade do tempo onde a vida era nomeada, os encontros celebrados, as vidas pulsantes e de brilho estelar...
Um outro mundo é possível e necessário...
Escutemos os clamores dos jovens indignados que acampados nas praças espanholas disseram para o mundo: viver é a arte de inventar-se no entre dos encontros...

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