sábado, 30 de julho de 2011

POESIA: ENTRE LÁGRIMAS, FLORES E PASSARINHOS

                                         ESTÁ LÁGRIMA
                                                            Jorge Bichuetti

Cai, silêncio; navega
entre rugas e cicatrizes,
só caminha... na busca
de aninhar-se num canto
do meu coração.. Ali, então,
ora perderá a memória e
sussurrará um canto no ar;
ora arderá nas lembranças,
louca, contorcerá d'uma dor
que o tempo já nem lembra,
e, assim, ela chorará no vazio
dos prantos que padecem,
longe, dos altares da compaixão...

Ah! feliz é a lágrima que cai no chão;
esquecida e só, mas, refletindo o céu estrelado...


                             PARADOXO AMOROSO
                                                             Jorge Bichuetti

Num livro perdido no amarelo da estante,
encontrei-a: flor murcha e seca, ainda, bela...
Não conservoou seu perfume, nem sua cor;
mas, ali, estava vivo a grandeza do nosso amor...

Revi nas páginas da memória nossa vida e
sentindo-a do meu lado, disse, sem medo:
nosso adeus foi um acidente ecólogico...
havia todo um jardim... só uma flor murchou;
nós é que surdos não ouvimos o coração
e partimos... deixando para todo sempre,
sepultado nos livros da estante o nosso amor,
a nossa eterna primaera  que se regada estaria
nos caminhos que depois seguimos, já secos,
tão secos quanto seca ficou  a poesia da flor.


                                       ESTE CANTO
                                                         Jorge Bichuetti

Este canto na aurora,
festa de passarinhos,
ecoa no m'ia memória
onde escuto u'a serenata
do amor que sentimos
e negamos... n'ua das
esquinas da estrada...

A vida seguiu... outras
paisagens... miragens e
lágrimas... coisa do tempo:
nunca ele quis ou pode retornar;
embora, cruelmente, todo dia,
me fizesse ouvir no alvorecer
a voz do amor silenciado no
estribilho da cantoria perdida...

Mas, lá fora, contudo, nunca se calou
o canto madrugadeiro dos altivos passarinhos...

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