sexta-feira, 30 de setembro de 2011

UNIVERSIDADE POPULAR JUVENAL ARDUINI: OUTUBRO; O FLORESCER DA UTOPIA...

Amigos, 
novamente, queremos reafirmar o trabalho da Universidade Popular no sua caminhada pela libertação... Educar é impregnar de sentidos - assinala Paulo Freire. E na Upop-JA temos vivido um caminho de partilhas solidárias, alegres e ternas, que nos vem dando caminmhos e horizontes, novos sentidos... Num tempo, cinzento e vazio, cremos que ela tem conseguido romper o turvo e o niilismo, nos dando um novo horizonte azul... Suas Atividades são abertas e gartuitas... visam ir construindo ao longo da própria caminhada um pensar e um agir, marcado pela solidariedade, pela ternura, pela arte e pela compromisso social com a luta por justiça e inclusão...
Em outubro, teremos além das atividades... a celebração da vida de Che Guevara, a ternura guerreira que ousou viver o sonho de liberdade e igualdande, morrendo pela causa dos oprimidos...

ATIVIDADES:
04/10/2011 - DE 19 ÀS 21 HORAS: GRUPO DE ESTUDOS DA OBRA DE JUVENAL ARDUINI
LOCAL: RUA CAPITÃO DOMINGOS, 1079. ABADIA. MG. BRASIL...

08/10/25011 - ENCONTRO MENSAL DA UNIVERSIDADE POPULAR -de13:30 às 19:00.
LOCAL - CRECHE CORAÇÃO DE MARIA. AV NOSSA SENHORA DO DESTERRO, 545. JARDIM ESPLANADA. UBERABA -MG - BRASIL.


CURSOS - MARXISMO; DESINSTITUNALIZAÇÃO E PRÁTICAS SOCIAIS; CUIDADO E ESQUIZOANÁLISE; ECOLOGIA E AMBIÊNCIA.


OFICINAS: ARTE; ÉTICA; COMO TRABALHAR COM O POVO...


CINECLUBE: ALIMENTAÇÃO ORGÂNICO

VAMOS JUNTOS CONSTRUIR O SONHO AZUL DE UM MUNDO DE LIBERTAÇÃO E SOLIDARIEDADE; JUSTIÇA E VÍNCULOS TERNOS E AMOROSOS...

UMA NOVA POLÍTICA: A VIDA PELA VIDA, NA ALEGRIA DOS BONS ENCONTROS...

                                                 Jorge Bichuetti

Me parece que é impossível delimitar numa escrita o que é algo singular nosso do que roubamos, por afetação e ressonância, dos que partilham conosco a caminhada...
Assim, falarei hoje do que , na verdade, nunca foi meu...  me contagiou como o luar me encanta ou como me entram pelos poros da pele o canto dos passarinhos...
Queria falar de ética e política... Porém, quero que por mim fale o encanto e magia da palavra sábia e generosa da Dra Patrícia Ayer de Noronha.
O tema ganhou para mim a dimensão de vida, na visceralidade do pulsar do meu coração, ouvindo-a...
Ela é uma verdadeira intelectual, no sentido, que dá a esta palavra o professor Milton Santos... Criatividade questionadora e transformadora dos caminhos e horizontes da humanidade. Com um acréscimo: é roseana - pensa, sente e vive na intensidade da voz e vida de Guimarães Rosa. Ele retrata o sertão, combinando, na sua mineiridade, a dúvida inquietante e germinativa com a ternura florescente, estelar...
A ouvi, certa vez, com vivacidade, explicar que a ética de afirmação da vida de Espinoza tinha uma dimensão social e política.. Eloquente poética, asseverou: que vida que devemos afirmar no dia-a-dia, em todos os caminhos, não é a" minha vida", a " sua vida", nem a " vida dele"... Mas, a vida que é vida... vida de todos ... vida da vida... vida da humanidade... vida cósmica e vida dos coletivos que se rizomatizam e devém o complexo e diverso universo do que nomeamos vida...
Ouvindo-a, pode-se aderir que na ética espinoziana estão contidas a ética do bem comum, da amizade, do cuidado, da sustentabilidade, da solidartiedade, da transversalidade libertária, da vida pululando faceira como germinativa e fecundante de todos e em todos...  alegria e bons encontros nos territórios do direito à diferença e dos direitos humanos... Vida da natureza, das subjetividades livres, e dos coletivos e vida na dimensão cósmica da imensidão...
Nela, se vê a vida na potência da ternura e compaixão, da festa e da seresta, das floradas do cerrado e das rodas nas florestas dos povos indígenas...
A política afirma a vida, quase sempre, sob o paradigma da tristeza: move-se na paranóia, opera pela ganância de uns versus a exclusão da maioria silenciosa... Verticaliza-se e burocratiza-se e, assim, arma-se como um aparato fascista de negação das singularidades, das multiplicidades e das potências inovadoras do devir e do acontecimento... Assinam, previamente, a autoria do destino; e como se organizam na tristeza decompõem os corpos, fragilizando-os, evitando-os potências afirmativas, ativas e inventivas...
A afirmação da vida é ato ativo e criativo dos agenciamentos que se operam sob o signo da alegria nos bons encontros...
A vida da flor num devir humanidade; a vida da humanidade num devir flor: eis a matriz da primavera....


O QUE PODE O AMOR?... CANÇÕES E POESIAS...

     paixão
corpo chama
vento e fogo
   desrazão
um sonho entre flores
um arco entre sonhos
    no céu  na terra no
ar
   estrelas bailam
  a valsa do amor;
na pele  na língua
   abelhas e o mel
a vida arde 
                 sublime louvor,
o rio corre
                nele-  uma  flor...
se o tempo para,
               o infinito      gira
círculo germinal        vira
    primavera cósmica
       risos e lágrimas
           seresta
           aurora:
a pele transborda eletricidade
quando   no    céu     se acende 
    a vela do amor... 
                                    jorge bichuetti


te devo
          oro
te devoro:
flor
lua
galáxia,
universo  do   prazer...
eu nos teus  abraços
teu corpo no meu  e
Deus germinando  a
   vida de criação
frutos na pele, amor
    no coração
sensual capela 
terna   oração -
nosso amor é a vida na romaria
do  ventre  fértil  da   imensidão. 
                                     jorge bichuetti
 

nosso amor
brotou
inesperado
no hóstil deserto
das  nossas tristonhas
vidas - semente e flor
no deserto da solidão;
nascentes    estelares
minando             vida
            no     oco
           escuridão...


assim, nascem os bosques;
na negação, um nvo deserto -
           o amor
é deus... parindo os germes
      da multiplicação... 
                                   jorge bichuetti



ENTRE PEDRAS, FLORES...
ENTRE ESPINHOS, SONHOS...


A VIDA VOA NAS ASAS DA LIBERDADE...

A LUTA DO POVO DO XINGU - PELA VIDA DAS FLORESTAS E DOS POVOS INDÍGENAS...

XINGU VIVO SEMPRE!!! BELO MONTE, NÃO!!! A LUTA CONTINUA...

NOTÍCIAS:


CACIQUE RAONI, CIDADÃO HONORÁRIO DE PARIS

O cacique Raoni recebeu o título de cidadão honorário de Paris, a capital da França. Ele está no país em campanha pela suspensão das obras da Usina de Belo Monte, no Rio Xingu (PA). A prefeitura de Paris informou que a escolha de Raoni foi feita baseada na atuação em defesa da Floresta Amazônica e dos povos indígenas do Brasil.
Os franceses o consideram uma espécie de símbolo de luta pelos direitos humanos, pelo desenvolvimento sustentável e pela conservação da biodiversidade. Raoni é 12º cidadão honorário de Paris.
Na capital francesa desde a semana passada, o cacique tem o apoio na campanha contra Belo Monte de atores como Marion Cotillard e Vincent Cassel, além do diretor James Cameron, do filme Avatar.
Ao receber o título, Raoni usava trajes indígenas. Ele pretende ficar em Paris até o próximo mês.
Na semana passada, ao chegar a Paris, ele recebeu uma lista com mais de 100 mil assinaturas em apoio ao fim das obras de Belo Monte. O abaixo-assinado foi lançado há cerca de um ano pelos responsáveis pelo site Raoni.com.
A construção da usina foi alvo de ressalvas da Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA). O organismo multilateral pediu a imediata suspensão do processo de licenciamento da usina. Em junho, o governo obteve licença para dar continuidade às obras

RESISTÊNCIA NO JUDICIÁRIO; A LUTA CONTINUA... 

ALTAMIRA PERDE SUSPENSÃO DA LICENÇA DE BELO MONTE -


Em ofício enviado ao procurador-chefe da República no Pará, prefeita, vereadores e lideranças empresariais acusam a empresa de descumprir as condicionantes

28/09/2011

http://www.prpa.mpf.gov.br/news/2011/prefeitura-de-altamira-recorre-ao-mpf-para-suspensao-da-licenca-de-belo-monte

O Ministério Público Federal recebeu esta semana documento da prefeitura de Altamira pedindo providências diante do descumprimento, pela Norte Energia, das obras e investimentos necessários para evitar e compensar os impactos da obra de Belo Monte. “Tal desobediência nos força a pedir a suspensão imediata da referida licença (de instalação)”, diz o ofício, assinado pela prefeita, por todos os vereadores da câmara municipal e por mais de quarenta sindicatos, associações empresariais e de moradores.

O documento foi enviado também à própria Nesa e a várias autoridades federais e estaduais, inclusive à presidenta da República Dilma Rouseff, a quem a prefeitura dirige um apelo: “que nos ajude nesta dura empreitada, uma vez que o ex-presidente, senhor Luís Inácio Lula da Silva, prometeu em público nesta cidade, no dia 22 de junho de 2010, que o empreendimento traria grandes benefícios para Altamira e as outras dez cidades no entorno desse megaprojeto, o que encheu de entusiasmo toda a população, mas o que se vê na prática, até o momento, são penosas frustrações, como mais pobreza, insegurança e caos social”.

“Os estudos preliminares ao empreendimento criaram um sonho de uma Altamira de primeiro mundo, com uma infraestrutura urbana e saneamento nunca antes imaginada por nossa sociedade. Não pode agora a nossa população ver transformado este sonho em pesadelo, e passar a acreditar que essa obra só veio para agredir o meio ambiente e trazer miséria para a já sofrida população de Altamira”, acrescenta o documento.

O MPF já tinha alertado o Ibama e a Justiça Federal em junho passado, quando a Licença de Instalação foi emitida, que permitir o início das obras sem exigir o cumprimento das condicionantes era abrir a porta para o caos na região. O Ibama recebeu recomendação para não emitir a Licença, mas ignorou-a. E na Justiça Federal há um processo pedindo a suspensão da LI – nº 18026-35.2011.4.01.3900 - que até hoje não foi julgado.

“Avisamos que isso ia acontecer porque já acompanhamos projetos desse tipo no Pará várias vezes. Uma vez que a licença é concedida, dificilmente o empreendedor se compromete com as necessidades dos atingidos. Se o Ibama não exige as compensações previamente, elas não saem do papel. E depois que as obras começaram ninguém se importa mais com o sofrimento de quem está pelo caminho. É a aplicação na prática da velha teoria do fato consumado em grandes projetos de desenvolvimento”, lamenta Ubiratan Cazetta, procurador-chefe da Procuradoria da República no Pará.

“A prefeitura fazer esse apelo agora é sinal de que a situação está muito grave, porque de um modo geral os políticos da região sempre foram favoráveis à obra de Belo Monte, apoiando mesmo as licenças concedidas sem embasamento técnico, por acreditarem que o projeto traria melhorias para a população, apesar dos graves impactos. O que o MPF sempre sustentou e agora se confirma é que não podemos atropelar as normas do licenciamento sob pena de causar caos social e desastres ambientais”, diz o procurador Cláudio Terre do Amaral, que atua em Altamira. Os procuradores estão analisando as informações para tomar medidas em resposta ao ofício da prefeitura.

A prefeitura enumera uma série de projetos e obras, compromissos assumidos pela Norte Energia para que a cidade estivesse preparada para os impactos da obra e da migração decorrente – a previsão mais otimista é de que a população duplique nos próximos anos. Nenhuma das obras foi concluída e a maioria ainda nem começou. Ao contrário do canteiro de obras da usina que, segundo a prefeita Odileida Maria Sampaio, está “avançado em relação ao cumprimento das condicionantes”.

“Ressalta-se que todos esses problemas evidenciam a falta de responsabilidade do empreendedor quanto a cumprir com a contra-partida social, econômica e ambiental, colocando em risco a população da cidade. Como se diz no jargão popular: empurrando a dignidade do cidadão altamirense com a barriga”, prossegue o texto.

A lista de promessas não cumpridas inclui escolas, postos de saúde, sistema de abastecimento de água e esgoto, melhorias urbanas e o treinamento e contratação de mão de obra local. Em vez disso, diz a prefeitura, “o Consórcio Construtor de Belo Monte está importando mão de obra indiscriminadamente”.

Migrantes chegam diariamente em Altamira em busca de emprego, mas em lugar de se dirigirem ao Balcão de Atendimento que a Norte Energia prometeu instalar, ficam sentados pelas calçadas em frente à sede do Consórcio preenchendo fichas. Segundo o município, a situação é “caótica”: a demanda por vagas em sala de aula aumentou e os hospitais da cidade e dos municípios vizinhos não têm capacidade física para atender a população.

Para os moradores de Altamira permanecem sem resposta também questões diretamente relacionadas ao empreendimento, como a delimitação das áreas que serão inundadas e para onde serão realocados os atingidos. Por esse motivo, além de pedir a suspensão da licença de instalação até que sejam cumpridos os acordos já assinados, a prefeitura quer fiscalização de todos os planos, programas e projetos futuros, que constam do Projeto Básico Ambiental.

Ministério Público Federal no Pará
Assessoria de Comunicação
Fones: (91) 3299-0148 / 3299-0177
E-mail: ascom@prpa.mpf.gov.br
Twitter: http://twitter.com/MPF_PA 

FONTE: BLOG XINGU VIVO SEMPRE


DIÁRIO DE BORDO: MINHA VIDA; UM RIZOMA ENTRE A POESIA E O SONHO...

                                              Jorge Bichuetti

Alguns pássaros cantam e piam, ecoando os sinos da Igreja: hora de acordar... Já estou trabalhando desde às quatro... Não estou doente; a lentidão surgiu de um decisão íntima:  tecer o blog na ternura da mineiridade que me compõe, eu - um árabe que sou indígena que por sua vez ama a poesia e a contemplação... O céu azul com algumas nuvens rosas enterneceu a manhã e ali fiquei, pensando... sentindo... me compondo pessoa humana na teia da imensidão... O blog é um espaço de militância política e artística, um canto encantado das amizades singelas e ternas; e um voo na amplidão entre a poesia e o sonho...
Quando muitos crêem no fim, eu luto... e creio que iremos inventar uma nova humanidade... Mas, se encontro forças para lutar, não significa que sou um homem forte, as encontro nas conexões de vida que compõem o caminho da minha existência...
Os amigos são o aconchego e a ternura, a compreensão e reflexão crítica que permite refazer o rumo da minha vida, muitas vezes... Eles estão em cada palavra, em cada gesto... São energia e vitalização, estímulo e carinho... São: pão e vinho...
Muitos vivenciam a amizade como ocupação do vazio... Devo a Conceição das Alagoas o meu jeito de ser amigo... Amigo é fonte e ponte... Asas e ninho... É ética e caminho...Um homem sem amizades não é somente um homem solitário; é um homem sem chão, sem floradas, terra nunca orvalhada... A amizade é força vital que agrega, enternece, e nos desloca do casulo do narcisismos para os voos da solidariedade...
E este rizoma - a minha sociedade de amigos, é caminho e é luta... Caminho e luta que se forjam entre a poesia e o sonho...
A poesia martela e forja um novo mundo, uma nova humanidade... Ela é a quebra, o um surto, um salto...
Longe da poesia, somos sulgados pela rotina, pelo consumismo, pelo individualismo, pelo enrijecimento dos nossos sentidos e pela miopia do nosso olhar... Ela amplifica, intensifica... Dá cor e sabor... Cria desafios, provoca mudanças... Um monte, longe da poesia, é um arquivo arqueológico, um empreendimento imobiliário... uma coisa... Um monte no olhar do poeta é um canto da vida revelando-nos que podemos beijar o azul do céu e dialogar com o infinito...
Longe dos sonhos, a vida é uma aborrecida mesmice, uma espera angustiada... Pois, sem o sonho não enxergamos  a sinfonia da esperança que ciranda na vida no clarão de cada alvorecer... Sem sonhos, não degustamos o mel das manhãs nem avistamos o paraísos do amanhã... Nos paralisamos num perpétuo e cruel presente, esperando o futuro de mãos acorrentadas pelo fatalismo, pelo niilismo, pelo pessimismo...
Sonhar, poetizando a luta, é abraçar os amigos e buscar a aurora , tecendo no caminho o sol de um novo tempo...


O que seria de mim, sem a fé em ... no ENTRE, no O COLETIVO, no MANGUE...  na Fundação Gregorio F Baremblitt... Na Universidade Popular Juvenal Arduini... nos amigos, velhos e novos... nas minhas muitas terras e amigos... que os abraço na memória do querido amigo  que já partiu Valdeci....
O que seria de mim, meu Deus, sem a fé na e no UTOPIA ATIVA

POESIAS: POESIAS MENORES PARA UM AMOR MAIOR

                              POEMA HUMANO
                              Jorge Bichuetti

No humano, esperarei a perfeição; 
depois, desencantado 
me fiz, num canto,
uma ânsia, desejos... 
quase uma oração...

Queria na humanidade 
a leveza suave
das folhas que bailam 
anônimas no vento;
a ternura das flores 
singelas e pequeninas
que, no chão, dão 
vida e beleza ao tempo...

Como quis! a liberdade 
dos pássaros vadios
e a generosidade 
dos frutos silvestres... vidas
que se realizam 
nas clareiras da aurora
e despercebidas, 
vão e são no caminho
a mão estendida 
da própria vida, alheias
aos triunfos da razão... 
vão e são, tão somente,
o eco do infinito... 
num voo, as asas da compaixão...


Quão grandiosas são 
as pequeninas formigas:
laboriosas, disciplinadas... 
encontram nas folhas caídas
a riqueza do pão, a certeza da vida... 
um celeiro,
o universo...  
a alegria de lutar, uma por todas,
tecendo imperceptíveis 
seus cálidos ninhos...


Oh! louca e vã humanidade... 
quem dera fôssemos
a resistência e a doação 
das desprezadas ervas daninhas:
que insurgentes refazem  
as fissuras do chão, adubam
e o recompõe... 
pisadas e trituradas pelos homens,
renascem 
silenciosas 
escutando somente o canto,
a gratidão da imensidão... 
a voz das estrelas
que para os que as avistam, 
de longe, do chão,
são simplesmente 
um ponto de um luz, uma vela
acesa nas capelas do coração azul do infinito...



                        
                UM NOVO AMOR
                           Jorge Bichuetti 


Tantro amei... porém, amei 
um amor... cheio de egoísmo...
Queria ser no possuir, ser no
no espelho que vi no outro...


Amei e chorei... nas lágrimas
que ácidas na minha dor, vi
a doçura do mundo ali refletida...


Só, então desconfiei que amar
é algo mais... do que grudar
um no outro, com as cinzas
das angústias que o tempo 
cimentou na nossas peles...


Amar é o mel oculto que se tece
na colméia dos corpos unidos;
corpo unidos que se fazem chão
onde nascem as flores da ternura
e florece o néctar da compaixão...




                  VIDA PEQUENA
                                      Jorge Bichuetti


Tão singelo, o caminho...
Areia e pedras e lá longe
um horizonte azul...


Não há ouro, nem prata...
Viceja no ar a alegria de 
caminhar e ir buscar
no silências das manhãs
um enternecido novo dia...





BONS ENCONTROS: LIÇÕES SOBRE O EXISTIR LIBERTÁRIO QUE ETERNIZA UMA VIDA - DRUMMOND...

          Reverência ao destino
                Carlos Drummond de Andrade

Falar é completamente fácil, quando se tem palavras em mente que expressem sua opinião.
Difícil é expressar por gestos e atitudes o que realmente queremos dizer, o quanto queremos dizer, antes que a pessoa se vá.

Fácil é julgar pessoas que estão sendo expostas pelas circunstâncias.

Difícil é encontrar e refletir sobre os seus erros, ou tentar fazer diferente algo que já fez muito errado.

Fácil é ser colega, fazer companhia a alguém, dizer o que ele deseja ouvir.

Difícil é ser amigo para todas as horas e dizer sempre a verdade quando for preciso.
E com confiança no que diz.

Fácil é analisar a situação alheia e poder aconselhar sobre esta situação.

Difícil é vivenciar esta situação e saber o que fazer ou ter coragem pra fazer.

Fácil é demonstrar raiva e impaciência quando algo o deixa irritado.

Difícil é expressar o seu amor a alguém que realmente te conhece, te respeita e te entende.
E é assim que perdemos pessoas especiais.

Fácil é mentir aos quatro ventos o que tentamos camuflar.

Difícil é mentir para o nosso coração.

Fácil é ver o que queremos enxergar.

Difícil é saber que nos iludimos com o que achávamos ter visto.
Admitir que nos deixamos levar, mais uma vez, isso é difícil.

Fácil é dizer "oi" ou "como vai?"

Difícil é dizer "adeus", principalmente quando somos culpados pela partida de alguém de nossas vidas...

Fácil é abraçar, apertar as mãos, beijar de olhos fechados.

Difícil é sentir a energia que é transmitida.
Aquela que toma conta do corpo como uma corrente elétrica quando tocamos a pessoa certa.

Fácil é querer ser amado.

Difícil é amar completamente só.
Amar de verdade, sem ter medo de viver, sem ter medo do depois. Amar e se entregar, e aprender a dar valor somente a quem te ama.

Fácil é ouvir a música que toca.

Difícil é ouvir a sua consciência, acenando o tempo todo, mostrando nossas escolhas erradas.

Fácil é ditar regras.

Difícil é seguí-las.
Ter a noção exata de nossas próprias vidas, ao invés de ter noção das vidas dos outros.

Fácil é perguntar o que deseja saber.

Difícil é estar preparado para escutar esta resposta ou querer entender a resposta.

Fácil é chorar ou sorrir quando der vontade.

Difícil é sorrir com vontade de chorar ou chorar de rir, de alegria.

Fácil é dar um beijo.

Difícil é entregar a alma, sinceramente, por inteiro.

Fácil é sair com várias pessoas ao longo da vida.

Difícil é entender que pouquíssimas delas vão te aceitar como você é e te fazer feliz por inteiro.

Fácil é ocupar um lugar na caderneta telefônica.

Difícil é ocupar o coração de alguém, saber que se é realmente amado.

Fácil é sonhar todas as noites.

Difícil é lutar por um sonho.

Eterno, é tudo aquilo que dura uma fração de segundo, mas com tamanha intensidade, que se petrifica, e nenhuma força jamais o resgata.


SOCIEDADE DE AMIGOS: NO REDEMOINHO DO AMOR...

                 DOR DOIDA
                       Sumaia Debroi

Sozinho se cala
Baixinho se fala
Mancinho se ouve
Juntinho se vive

Chorar silencia
Olhar vivencia
Cuidar alivia
Doar faz Maria

O tolo espia
O miolo esvazia
O solo avalia
O colo acaricia

As vozes lutam
Os vôos soltam
A vida vai
O vento volta


MESTRES DO CAMINHO: FREUD E A VIDA MENTAL ( 2 )

                             REFLEXÕES:

- "Podemos nos defender de um ataque, mas somos indefesos a um elogio."

- "O caráter de um homem é formado pelas pessoas que escolheu para conviver."


- "Um dia, quando olhares para trás, verás que os dias mais belos foram aqueles em que lutaste."

- "Em última análise, precisamos amar para não adoecer. "


- "O falso é às vezes a verdade de cabeça para baixo."

                               SIGMUND FREUD

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

PELO INFINITO, UM AMOR... CANÇÕES E POESIA...

Nossa amor
              fruto e flor
        souvenir
da imensidão
              nu'a   gota
o oceano       barco
    entre estrelas
desejo         paixão
         nascente
brilho    e    êxtase
     somos um
na multidão...
       átrios
de um só coração. 
                        jorge bichuetti



noutra galáxia
                  além
longe do tédio
                  ali
onde as estrelas bailam
        na fogueira
         da paixão...


o amor renasce
                   relva
que  floresce no
cio  da  ternura
vamos, de novo,
                            abrasar-nos
num canto  do  coração
com   carícias   siderais
amor-menino angelical. 
                                 jorge bichuetti


deus
      homem-menino
        anjo-estrela
u'a flor no meu coração:
silêncio   canto     magia;
tu    que       és        amor
    não    me   deixes
no     redemoinho     dos 
                          a-deuses. 
                           jorge bichuetti



ENTRE PEDRAS, FLORES....
ENTRE ESPINHOS, SONHOS...


A VIDA VOA NAS ASAS DA LIBERDADE!!!

GREENPEACE - MANIFESTAÇÃO PELAS FLORESTAS

Sem miséria, mas com floresta

Notícia - 28 - set - 2011
Com uma faixa e uma muda de Açaí, ativistas do Greenpeace mandam recado para Dilma Rousseff durante lançamento de programa contra a pobreza, em Manaus.

 
   
O palco estava armado: com a presença de governadores do Norte, a presidente Dilma Rousseff chegou a Manaus para lançar seu programa de combate à pobreza, o Brasil Sem Miséria. O Greenpeace foi atrás e, diante do Teatro Amazonas, cartão postal da cidade e palco da reunião de Dilma com os governadores, ativistas abriram uma faixa: “Dilma, Brasil sem miséria é Brasil com floresta”. Ao passar por eles, Dilma fez um aceno. Captou a mensagem. Eles também tentaram entregar uma muda de Açaí com a mensagem: “Presidenta Dilma, Vou ficar muito bem no jardim do Alvorada. A senhora sabe que sou importante para as populações da Amazônia. Cuide de mim, pois ando preocupado com esse novo Código Florestal. Cordial abraço, Açaí”.
A ação aconteceu num contexto em que as taxas de desmatamento na Amazônia voltaram a subir e que o Congresso discute um projeto de lei que pode derrubar o Código Florestal – uma lei com mais de 70 anos de tradição. Tudo isso a menos de um ano para o Brasil sediar a Rio + 20, o mais importante evento climático do mundo.

  “O projeto do novo Código foi aprovado na Câmara debaixo de inúmeras críticas da ciência, da agricultura familiar e da sociedade civil. Agora, no Senado, a história está se repetindo e o governo continua omisso”, diz Rafael Cruz, da Campanha Amazônia do Greenpeace. “A presidente Dilma precisa desligar a motosserra no Congresso, pois para eliminar a pobreza precisamos manter de pé nossas florestas, que são a maior riqueza do país, que abriga uma parcela importante da população pobre do Brasil e que impulsiona nossa agricultura.”.
Após consecutivos anos de queda, os índices de desmatamento voltaram a subir no primeiro ano de gestão de Dilma. Em 2009, durante a Conferência do Clima em Copenhague (Cop-15), ela própria, então como ministra da Casa Civil, prometeu mundialmente que o Brasil reduziria suas emissões de CO2, que vêm predominantemente das derrubadas.
“O modelo de produção brasileiro ainda é predatório. Enquanto as outras nações recuperam suas florestas para poder continuar produzindo, estamos acabando com as nossas”, observa Cruz. “E isso não significa riqueza: mesmo com quase 18% de suas matas derrubadas, a Amazônia ainda permanece com baixíssimos Índices de Desenvolvimento Humano (IDH), especialmente em municípios onde a destruição florestal ocorre mais fortemente."

FONTE: http://www.greenpeace.org/brasil/ReSizes/Small/Global/brasil/image/2011/setembro/Rodrigo_Baleia_28-09-11_213.jpg

DIÁRIO DE BORDO: ENTRE O TEMPO E O VENTO; UM CAMINHO....

                                                Jorge Bichuetti

Noite estrelada... No quintal, a brisa suave e leve, acaricia a minha pele e me ativa memorias, o tempo... As árvores seguem seu destino: folhas e flores, logo, virão os frutos... O céu estrelado é anúncio da imensidão; mas, hoje, se fez espelho: miro-o e assisto a vida, caminhos percorridos, lutas vividas... sonhos tecidos, festejos e dissabores... Vendo minha nostalgia os álamos alteiam-se e oram... contemplam o infinito, como se quisessem me dizer de um além... tempo por-vir... A Luinha, sofrendo os percalços do tempo seco, não sai dos meus pés... Roga, silenciosa, a minha proteção...
Revendo o vivido, penso que o tempo é vento e que o vento é o bailado do tempo, carregando as folhas secas e as flores murchas... como se limpassem o destino, chamando o amanhã...
Vejo e não posso deixar de constatar: tudo passa, fica... os caminhos desbravados, a vida inventada, a semente plantada, as ressonâncias da dignidade corporificada e dos equívocos cometidos....
Carregamos nossa história... As excrescências o tempo-vento volatizam no ar...
Somos o que vivemos e realizamos de especial... Ai, mora o caminho da nossa alteridade...
O tempo perdido  no redemoinho das paixões e no ócio das sensações banais é tempo pulverizada, tempo perdido... Não perdido, no sentido de que não significou vivê-lo... Tempo perdido porque é tempo que passa ... não volta... é tempo irreconciliável.... É cronos....
Já tempo que se fez caminho é tempo materializado na espinha medular da nossa existência... Tempo do acontecimento... ´É Kairós...
Assim, quando perguntamos sobre o uso do tempo, estamos, de fato, problematizando os caminhos de produção de vida que temos tecido ao longo dos minutos, na vida...
A solidão é uma resposta da vida que reflete um caminho que não afirma a vida como valor genérico: é caminho que só apresenta significado e valia para nós mesmos...
Quem inventa, constrói, produz caminhos para a vida de todos, do outro... povoa o próprio destino, quebra os muros dos labirintos da solidão...
Os possessivos singulares são areias movediças: nos tragam, nos sulgam, nos esvaziam...
Pensar, sentir, viver na vida que pluraliza-se por incluir o outro, a humanidade nos potecializa, nos dá  serventia, nos impregna de sentidos...
A solidão e o vazio existencial são analisadores de uma vida egocêntrica, monotemática, de banalidades: vida que somente afirma o próprio interesse, alienada das dores do outro e das lágrimas da humanidade...
A solidariedade, assim, é o caminho que eterniza o tempo e nos sustenta e nos compõe à revelia da voracidade do vento...
Busquemos a aurora da humanidade e, assim, sentiremos na pele a boniteza de cada alvorecer...

POESIA: A SEMENTE E A FLOR

                       A SEMENTE E A FLOR
                                  Jorge Bichuetti


Na sede de amar, 
vi teus olhos e neles,
todo o céu estrelado... 
o canto dos passarinhos
e os campos frutificados: 
o arrozal penduando,
o celeiro farto... 
vi a poesia das manhãs 
e as serestas enternecidas 
das rodas noturnas,
alegria de festa, aconchego 
na relva... amor no riacho...

Na sede de amar, 
não pude distinguir
o tempo imperfeito 
do verbo passado;
nem enxerguei a aura abstrata
que fazia do substantivo
um dissimulado adjetivo,
já, no vento pulverizado...


O amor é magia,
encanto de primavera;
nele, a semente floresce
e a flor é sinfonia,
acordes do infinito,
que ecoa na imensidão,
plasmando luz e caminho,
abraços de comunhão...


Depois, que o fogo apagou,
me vi na escuridão...
A semente embalsamada
e a flor cristalizada
na fogueira da ilusão...


Agora, sei...
O amor é construção...
caminho partilhado;
de mãos dadas, um destino...
fruto maduro e doce,
nas colheitas do coração...

Fomos semente;
a flor, o nosso sonho...
Mas, nosso amor não vingou,
o deixamos perecer
carente de água e adubo,
sem a brisa dos carinhos,
sem o sol da compaixão...

Assim, agora, o que vemos
na ternura do olhar
é um delírio da vida,
teimosia do universo, 
que sofre mirando o campo
dos amores esterelizados:
semente longe da terra,
flor murchando no vaso...

BONS ENCONTROS: A PAZ ÍNTIMA NO CAMINHO DA ECOLOGIA MENTAL

                  Ecologia interior 
                             Frei Betto 

Por um minuto, esquece a poluição do ar e do mar, a química que contamina a terra e envenena os alimentos, e medita: como anda o teu equilíbrio eco-biológico?

Tens dialogado com teus órgãos interiores? Acariciado o teu coração? Respeitas a delicadeza de teu estômago? Acompanhas mentalmente teu fluxo sanguíneo?

Teus pensamentos são poluídos? As palavras, ácidas? Os gestos, agressivos? Quantos esgotos fétidos correm em tua alma? Quantos entulhos - mágoas, ira, inveja - se amontoam em teu espírito?
Examina a tua mente. Está despoluída de ambições desmedidas, preguiça intelectual e intenções inconfessáveis? Teus passos sujam os caminhos de lama, deixando um rastro de tristeza e desalento? Teu humor intoxica-se de raiva e arrogância? Onde estão as flores do teu bem-querer, os pássaros pousados em teu olhar, as águas cristalinas de tuas palavras? Por que teu temperamento ferve com freqüência e expele tanta fuligem pelas chaminés de tua intolerância? Não desperdiça a vida queimando a tua língua com as nódoas de teus comentários infundados sobre a vida alheia.
Preserva o teu ambiente, investe em tua qualidade de vida, purifica o espaço em que transitas. Limpa os teus olhos das ilusões de poder, fama e riqueza, antes que fiques cego e tenhas os passos desviados para a estrada dessinalizada dos rumos da ética. Ela é cheia de buracos e podes enterrar o teu caminho num deles. Tu és, como eu, um ser frágil, ainda que julgues fortes os semelhantes que merecem a tua reverência. Somos todos feitos de barro e sopro. Finos copos de cristal que se quebram ao menor atrito: uma palavra descuidada, um gesto que machuca, uma desconfiança que perdura.
Graças ao Espírito que molda e anima o teu ser, o copo partido se reconstitui, inteiro, se fores capaz de amar. Primeiro, a ti mesmo, impedindo que a tua subjetividade se afogue nas marés negativas. Depois, a teus semelhantes, exercendo a tolerância e o perdão, sem jamais sacrificar o respeito e a justiça. Livra a tua vida de tantos lixos acumulados. Atira pela janela as caixas que guardam mágoas e tantas fichas de tua contabilidade com os supostos débitos de outrem. Vive o teu dia como se fosse a data de teu renascer para o melhor de ti mesmo - e os outros te receberão como dom de amor. Pratica a difícil arte do silêncio. Desliga-te das preocupações inúteis, das recordações amargas, das inquietações que transcendem o teu poder.
Recolhe-te no mais íntimo de ti mesmo, mergulha em teu oceano de mistério e descobre, lá no fundo, o Ser Vivo que funda a tua identidade. Guarda este ensinamento: por vezes é preciso fechar os olhos para ver melhor. Acolhe a tua vida como ela é: uma dádiva involuntária. Não pediste para nascer e, agora, não desejas morrer. Faz dessa gratuidade uma aventura amorosa. Não sofras por dar valor ao que não merece importância. Trata a todos como igual, ainda que estejam revestidos ilusoriamente de nobreza ou se mostrem realmente como seres carcomidos pela miséria.
Faz da justiça o teu modo de ser e jamais te envergonhes de tua pobreza, de tua falta de conhecimentos ou de poder. Ninguém é mais culto do que o outro. O que existem são culturas distintas e socialmente complementares. O que seria do erudito sem a arte culinária da cozinheira analfabeta? Tua riqueza e teu poder residem em tua moral e dignidade, que não têm preço e te trazem apreço. Porém, arma-te de indignação e esperança.
Luta para que todos os caminhos sejam aplainados, até que a espécie humana se descubra como uma só família, na qual todos, malgrado as diferenças, tenham iguais direitos e oportunidades. E estejas convicto de que convergimos todos para Aquele que, supremo Atrator, impregnou-nos dessa energia que nos permite conhecer a abissal distância que há entre a opressão e a libertação.
Faze de cada segundo de teu existir uma oração. E terás força para expulsar os vendilhões do templo, operar milagres e disseminar a ternura como plenitude de todos os direitos humanos. Ainda que estejas cercado de adversidades, se preservares a tua ecobiologia interior serás feliz, porque trarás em teu coração tesouros indevassáveis


MESTRES DO CAMINHO: FREUD E A VIDA MENTAL ( 1 )

                                REFLEXÕES:


- "Somos feitos de carne, mas temos de viver como se fôssemos de ferro."

- "Como fica forte uma pessoa quando está segura de ser amada!"

- "Nós poderíamos ser muito melhores se não quiséssemos ser tão bons"

- "Qualquer coisa que encoraje o crescimento de laços emocionais tem que servir contra as guerras."


- "Nenhum ser humano é capaz de esconder um segredo. Se a boca se cala, falam as pontas dos dedos"

                         SIGMUND FREUD

SOCIEDADE DE AMIGOS: A GEOGRAFIA DO ADEUS

                     PARTIR
                        Concha Rousia

Partir
partir de aqui
de ti
de mim
das distâncias por percorrer

Partir
deixando atrás
o que não chegou a ser
levar em nós o que ja foi
o que nos passou
   
Partir
abrir as portas ao não ficar
percorrer caminhos que entram
na memória com imagens inéditas
ir sem conseguir ser despedida
levar as palavras embrulhadas
em lágrimas ocultas
em poema por escrever

Partir
levando nas asas o regresso
sabendo que jamais se regressa
como jamais se revisita o passado
como essas nuvens
que jamais são as mesmas
mesmo que molhem igual
chove hoje saudade aqui
e os guarda-chuvas sem inventar
não com as dimensões
deste nosso sentir na ausência
nem com nossas cores preferidas
que são todas quando estamos juntos
mas hoje o dia foi chamado partir...

Partir
partir-se
partir-se em despedida...


Concha Rousia
Compostela 7 agosto de 2011

do blog: republicadarousia.blogspot.com


quarta-feira, 28 de setembro de 2011

ANTE A DOR: CAMINHOS DO CUIDADO E DA VIDA REINVENTADA...

                                         Jorge Bichuetti

Sonhamos, ingenuamente, com uma vida toda feita de risos e alegrias... Queremos felicidade plena...
E a dor chega e, logo, nela, vemos uma inimiga... A dor é , acima de tudo, um analisador: desnuda revela, ensina... nos mostra a realidade , nua e crua, com suas injustiças, misérias e falências...
Há na dor algo mágico: nos retrata na nossa humanidade; como fotografa a própria humanidade...
Assim, na dor... temos as fissuras da vida e do mundo... nos indicando o trabalho coletivo de superação de uma realidade que maltrata, sevicia e violenta; e pede a construção de uma nova humanidade...
No menino caído na sarjeta... grita vida e clama por uma humanidade solidária, terna, generosa e de compaixão...
Na nossa lágrima na separação de um grande amor... novamente, fala a vida nos assinalando a necessidade de romper com o nosso modo de amar - simbiótico e possessivo - e clama pela invenção de nova suavidade nas relações de amor, onde a partilha e cumplicidade, a sensualidade criativa e lealdade responsável nos criaria novos vínculos, marcados pela alegria dos bons encontros...
Nos desastres catastróficos da natureza... há um clamor: o fim da destrutividade canibal e a instauração da sustentabilidade harmoniosa...
Quase sempre nos afogamos no oceano de nossas lágrimas, porque o vivenciamos sob o paradigma da culpa e do ressentimento e o enfrentamos no imobilismo fatalista da acomodação.
Ali, na dor, está uma fronteira... entre o mundo que vivemos e que se esgotou e o mundo que precisamos ter coragem e ousadia de sonhar , de buscar, lutando...
A dor pede vida nova e mundo novo, uma nova humanidade...
Pueris e passivos, rogamos uma vida sem lágrimas...
Não nos atrevemos a perguntar, a problematizar a origem, o contexto, e o porque da nossa vulnerabilidade...
Fugimos de ver e sentir o caminho que as lágrimas nos apontam...O caminho das mudanças, do novo... Da luta por um outro mundo possível e necessário... e o esforço íntimo para o nosso próprio crescimento e renovação...
Já dizia Guimarães Rosa: " O diabo não existe, Se existe, existe homem humano. Travessia."
Assim, ante nossas lágrimas e diante das lágrimas do mundo, não fujamos, aceitemos os alvitres da vida e busquemos a travessia necessária para desbravar os encantos do horizonte azul...

ENTRE A PAIXÃO E A FANTASIA: GERMES DO AMOR...

OLHASTE
               NO DESVÃO
REFÚGIO NO NADA,
EU SÓ AMOR- FLOR
NO MIRAR-TE... UM
SOPRO DE VIDA    E
UM  LOUCO  AMOR
          AGORA:
JÁ NÃO TENHO PAZ
JÁ SEI         SONHAR
         O AMOR
BOLHAS DE SABÃO
                  UM VAZIO
UM RIO 
          DE LÁGRIMAS. 
                    Jorge Bichuetti


Sem você
             eu
não sabia
   viver...


Só  pude
    ser
mar
       e cais
ave 
    e ninho
um    riso
 cuidado
flor e céu
agora, já
   posso
    seguir
            SOL... 
                       JORGE BICHUETTI



Se lágrimas vetam   meu olhar
só enxergo tuas miragens e eu
paixão na contramão
                             veloz
                                  sem freios
... e lá fora  uma  multidão  de 
           estrelas
luares                olhares
           passagens:
paisagens do  amor que entre 
  a chuva e o vento
                   aninha-se
                          carinho
                              voos do mar.

                                     jorge bichuetti


ENTRE PEDRAS, SONHOS...

DIÁRIO DE BORDO: CORAGEM DE VIVER - OUSADIA DE SER...

                                         Jorge Bichuetti

Céu claro... Os pássaros cantam... No ar, um cheiro: de vida, de mato, de cerrado... Eu e o meu quintal... O sol nascendo me inebriou... me vi, de novo, com a bênção da vida recomeçando; no seu recomeço, caminhos e canções, sonhos e poesias... Os álamos sob a gerência do vento bailam... e bailam, graciosos, como se desejassem revelar os ocultos segredos da alegria... Um canto de paz impregna o ar...
O mundo não escuta a vida; o mundo não sente a vida...
O mundo ruidoso e autista só vê o martelo das bolsas de valores; os estribilhos das ofertas do mercado... Não vê, nem escuta o ser humano: suas angústias, seus sonhos...
E a maioria silenciosa da humanidade segue... ritmada pelos compassos do Capital... Assim, vão até a exaustão...
Mas, já vemos uma humanidade exausta: triste, vazia, robotizada....Acorda, alimenta-se, trabalha, dorme... porém, quase nunca, vive... Viver é caminhar impregnado e impregnando de sentido... ir-se pelo caminho semeando desejos e sonhos, florindo o horizonte azul das nossas utopias...
A vida é lida e quietude, expansão e recolhimento... É sementeira, é colheita... No meio, contemplação, celebração - alegria...
Um existir automático, acrítico, folha no vendaval... é a rotina, o instituído...Contudo, um jeito de viver que cobra um alto preço ao nosso corpo... Logo, este grita: na fibromialgia, no stress, na depressão, no pânico, nas doenças degenerativas e auto-imunes... Sofremos, por viver negando as potências e as fragilidades da nossa humanidade...
Assim, sempre falta motivo e motivação para o sorriso, para a festa, para os bons encontros que nos compõem corpos guerreiros: altivos, livres, de autonomia e de prazer.
Muitos ante o futuro, se sentem anestesiados e o espera passivamente... Negam ou subvertem a própria humanidade, animalizam-se... na aparência, já que podemos calar, negar, não ouvir... mas não temos como fugir da nossa vida de consciência que reflete, analisa, questiona... cria, inventa...
Quando não inventamos o nosso dia, gastamos nossas energias, calando o humano que pulsa na medula da nossa existência...
Assim, nos tornamos desvitalizados, desenergizados, anêmicos... Padecemos de anemia existencial...
Sujeito, subjetividade, subjetivação - são construções teóricas para dar visibilidade a nossa liberdade e responsabilidade sobre a vida e o mundo que criamos... ou reproduzimos...
Se almejamos alegria e paz, um corpo empoderado, uma vida livre... necessitamos resgatar nosso engajamento no dia-a-dia... intervindo, lutando, parindo o destino....
Por isso para nossa reflexão, busco a palavra do sertão na voz de Guimarães Rosa:
- "O correr da vida embrulha tudo.
A vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem."