quinta-feira, 22 de setembro de 2011

POESIA: O CANTO DA ALVORADA

                        AQUELES PASSARINHOS
                                        Jorge Bichuetti

Cantavam, alegres e saltitantes,
entre o verde da horta, no calor
acolhedor do quintal da mi'a casa...

Era um outro tempo. Minha mãe,
com seu sorriso amigo e meu pai,
ali, adubando as sementes da manhã...

Eu, menino, acordava... 
entre o sonho e a preguiça;
invejava os passarinhos, livres,
soltos  e desacorrentados,
donos de suas pequenas vidas...

O tempo passou, eles se foram...
outros vieram... o canto é parecido,
é canto de vida nascendo 
no orvalho das manhãs...

Só que os escuto, ouvindo 
os chamados da vida, ouço:
- vamos seguir, a vida é ir além,
cavando no infinito novas pontes
para que hajam auroras,
aqui e muito mais além,
queremos ser o canto da vida
nas paragens cinzentas,
antecipando o sol,
que lá brilhará, também...

Os passarinhos de outrora, 
da minha meninice,
eram folgozos e levianos, 
dados ao tempo
das alegrias do brincar; hoje, eles
labutam, encantando o mundo
na ternura  do canto suave que
martela no caminho o sonhos do amanhã...



                          CANTO DE PASSARINHO
                                         Jorge Bichuetti

Canto de passarinho é quase uma prece:
gorjeiam entre pios solfejados no louvor
das manhãs que remoçam os caminhos e
acordam os sonhos; sonhos de vida nova,
tecida na ternura da terra orvalhada, flor
musical... que seca as lágrimas do hoje,
semeando a esperança na relva verdejante,
 onde estão as sementes dos dias que virão...


                                       ESTES PARDAIS
                                   Jorge Bichuetti


Estes pardais... tão brejeiros, vadios...
são livres, errantes... voam e pousam,
no coração da vida indigente... onde
quase ninguém os vê, lá estão:
uma manada de festeiros,
rústicos seresteiros,
que piam e arrepiam, numa melodia de festa...
onde a música é paisagem para a vida que floreia
nos braços da liberdade, ávida de alegria;
alegria... que brota do nada... só pelo gosto
de alegrar...

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