quinta-feira, 17 de novembro de 2011

DIÁRIO DE BORDO: LONGE, CANTA O SABIÁ...

                                  Jorge Bichuetti

Manhã enternecida... Os pássaros piam e a roseira, cheia de flores, exalta a vida. Os álamos bailam com suavidade... O limoeiro e o pé de romã, com seus frutos, reafirmam o poder renovador do tempo... O azul claro, com poucas nuvens... anuncia um dia de serenidade e luz... Ontem, na chuva... no alto da madrugada, eu e Luinha contemplamos a quietude da vida que serena umedece o chão... fecundando novas floradas....
A vida é a apoteose da paz guerreira... Ternura e luta; aconchego e renovação...
Para se lograr a felicidade, precisamos aprender a cuidar das flores que habitam nosso coração...
Retirar do passado a semente, deixando o vento levar as folhas secas e as flores murchas...
A amizade é orvalho da vida que dá fecundidade e fertilidade ao nosso coração...
Temos na arte de conviver, desafios semelhantes aos  do jardineiro...
Não basta ser verde... A amizade é sementeira que produz lealdade, cumplicidade, solidariedade, partilha, ternura e carinho...
Arranquemos do nosso corpo e do nosso caminho as ervas daninhas... as ervas parasitárias... as ervas dissimuladas...
Cultivemos laços de fraternidade...
Ser cidadão, exercer a cidadania... não se restringe ao cumprimento dos deveres cívicos...
O cidadão e a cidadania vicejam na ética do bem comum... E o bem comum só se atualiza e floresce no aniquilamento dos nossos interesses pessoais, da nossa ganância por honras, glórias e privilégios...
Ser cidadão, exercer a cidadania...exige pensar, sentir e agir...assumindo o coletivo, o bem de todos..
Pede a substituição dos possessivos singulares... Pede ser plural e viver pela vida que é vida de todos e para todos...
Muitos fogem da política pelo medo que possuem de se contaminarem com a corrupção e com o egocentrismo megalomaníaco dos políticos... Mas, política é o avesso do individualismo; é a negação egóica pela afirmação da sociabilidade solidária...
Assim, a política é a nossa amizade com o povo, com os oprimidos, com a ética do bem comum e com a nossa própria construção como alguém que é leal, é digno, é solidário: vive, pensa, sonha, age pelo afirmação da liberdade e da justiça social...
Pensar o outro, assumindo suas dores e lágrimas, lutas e sonhos é superar-se no próprio narcisismo.
E reinventar-se na solidariedade e na amizade... territórios de fecundidade e fertilidade do porvir...

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