sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

VIRAÇÃO... O TEMPO PASSA NOS VOOS DO VENTO... CANÇÕES E POESIAS...

se a vida passa
no voo de um segundo; 
por que eu carrego
nas costas a cruz
de tantos milênios?...


a cigarra passa
cantando e voa
no brilho da vida
de magia e encanto...


a flor perfuma
na beleza terna;
não economiza
talentos e dons
vive e sonha...
depois, murcha
adubando o sol
sem remorso
sem culpa
sem inveja
sem o medo
que maltrata
os que morrem na vida
e choram na partida  a
vida       não florescida...


viver é voar, brilhar, brincar... sonhar e amar;
não vale...     perder-se na rotina vazia e triste
das nuvens cinzentas que não bailam no vento.... 

                   jorge bichuetti


este menino
que brinca e sonha,
vê o infinito 
na pequenina bolha de sabão
que sobe o morro
e vai viver
no colo do arco-íris...


este menino
que canta e conta histórias
me fazendo adormecer,
sorrindo... como se vida fosse
tão-somente um rio no mar
entre conchas e gaivotas
sendo ninado pelo pôr-do-sol
e pelo canto dos vadios passarinhos...

este menino
sabe que o céu é a Terra
nos trinados do luar
nos delírios da paixão
no silêncio das manhãs
nos suspiros que versam
as frases de uma oração...


                         Jorge Bichuetti


amanhã
um novo tempo
risco   no vento
promessas de amor
nas asas de u'a flor....


assim, um novo ano
nascerá no orvalho
no canto das manhãs...


              jorge bichuetti


pai, partiste tão cedo...
ou será que eu tardei no meu despertar?...
só sei que te procuro nos salões
minhas lágrimas lavam a purpurina
mas, por ti, eu sigo fazendo da vida
um sonho do morro; ave, carnaval...


                 jorge bichuetti



entre pedras, flores...

DIÁRIO DE BORDO: CAMINHO...

                                      Jorge Bichuetti

Os passarinhos cantam alegres... O orvalho mantém no ar um cheiro de vida fecundada... O vento baila entranhada nas folhas das árvores... E eu, escuto, miro e penso... As nuvens não apagam o brilho do sol nascente... É dia, um novo dia...
Escuto Cartola e leio Frenando Pessoa... a Luinha prefere seus sonhos...
Saberei um dia o que sonha minha pequena?...
Agora, mergulhada nas reflexões nascidas na aurora, decido que... necessito de um café quente.
A gostosura do café me leva a rever minha lista... Que lista? a que faço todo ano, embora acabe vivendo tao apartado dela... Mas, ela me ajuda: é um momento em penso no que desejo, necessito e sonho... Desenho um caminho... Almejo um horizonte... Já que estou vencendo minha timidez, lhes confesso: tenho uma lista para cumpri-la até os meus oitenta anos...
Muitas vezes, na vida somos reativos... Cremos desejar e necessitar dos produtos, coisas e vida que emerge na tela da TV com o glamour da etiqueta da alegria imaculada. Nos iludimos, economizamos para adquirir, depois, não sentimos nenhum prazer... passamos a necessitar de outra ilusão...
O que anda na minha lista?...
Eu quero reler Guimarães Rosa, Fernando Pessoa, Cora Coralina, Lorca, Mario Benedetti...
Eu quero fazer um grande encontro: meus passarinhos vão poder escutar Cartola, Dorival Caymmi, Bethânia, Legião Urbana e o Clube da Esquina... Fred Martins e Moska, Sosa e Chico... Twaikovsky. Bach e Vivaldi...
Verei Buñel e Fellini... E estudarei surrealismo, marxismo e anarquismo num diálogo heterodoxo com a esquizoanálise... Aprenderei o tupi-guarani, inglês e italiano... Jogarei Runas e I Ching....
Amarei todos os deuses; só para ver se consigo aceitar, tolerar, respeitar, acolher, incluir todos os homens...
Quero o luxo de saber ser feliz vivendo com simplicidade...
Quero ter preguiça de ouvir e dar atenção às banalidades que pululam no nosso tempo...
Encantado pelo que me o luar e a alvorada, criarei u'a religião para uso próprio: quero buscar com radicalidade a ética da amizade e da compaixão...
Que farei?... Quero a coragem e a ousadia de caminhar com o povo... no Carnaval da Inclusão do Bloco Maria Boneca da Fundação Gregorio F Baremblitt... Quero caminhar na construção da Universidade Popular Juvenal Arduini... a educação no caminho da libertação...
E quero lograr manter o Utopia Ativa... como voz da aurora na nostalgia do luar...
Mas, eu queria mesmo é podar meus espinhos e ganhar a capacidade de ver, sentir, falar,ouvir e agir com ternura e suavidade...
Ah! como eu queria abandonar o vício da maledicência, da crítica ácida e corrosiva, da intolerância...
Ah! como eu queria suprimir meu egoísmo, meu orgulho e minha vaidade... Ganhar leveza na alma... aprender a voar com os sonhos...
Por isso, eu peço aos deuses... que permita caminhar lutando... e escrevendo poesias...
Porquanto, tenho constado que a luta por mundo sem as lágrimas da exclusão e da opressão me dão u'a dignidade que eu estou longe de tê-la nas pulsações espontâneas do meu coração...
E a poesia é o pão e o vinho do sublime banquete da renovação íntima, do crescimento pessoal e do nosso corpo convertido em corpo dado à vida, corpo-devir guerreando no caminho da solidariedade pelos en-cantos do porvir...
Eis minha lista...  eu quero viver na utopia ativa da mudança...
Quero aprender a ser um guerreiro com alma de passarinho...
Quero a riqueza de ver e sentir o céu e a glória na boniteza de u'a flor....


POESIA: NO HORIZONTE, ESTRELAS E LUARES

                                    UM NOVO DIA
                                     Jorge Bichuetti

Fogos e festejos trovejarão, anunciando
que é novo o dia vindouro... Eu, porém,
silenciarei... Não vestirei roupas brancas,
nem farei as velhas e costumeiras rezas;
eu fecharei os olhos, mergulharei no mar
onde ondeia meus sonhos... e, ali, eu só
verei o caminho de lutas entre  o ano
que parte e o ano que eu espero novo
na ternura e paz da vida remoçada no
caminho das lutas libertadoras, celeiro
da mudança, aurora da vida de amor...

O céu ouvirá meu pranto e meu riso:
de joelhos, eu pedirei ao vento que me
dê forças no tempo para reinventar  a
vida que é ânsia e sonho, desejo do novo
que embora festejado... é vida negada,
ante os apelos de paz dos gemidos do infinito...


                  NO HORIZONTE
                               Jorge Bichuetti


No horizonte, a última estrela
dá adeus; a noite irá partir...
Dela, guardarei
os floreios do luar,
as ardências da paixão
e os sonhos
que voam e se aninham
entre as árvores do Xingu
e o nosso nublado céu anil....


No horizonte, a última estrela
vê e inveja o nosso melado beijo:
carícias da relva orvalhada no cio
do carinho, com jeito de flor
que se abre na aurora,
eternizando a magia da noite,
o encanto do luar...


na visceralidade do nosso terno desejo...



MESTRES DO CAMINHO: MORADAS DA PAZ

                                    REFLEXÕES:


- "Ou você se cansa lutando pela paz ou morre." John Lennon

- "Que eu nunca mendigue paz para a minha dor, mas coração forte para dominá-la." Rabindranath Tagore

- "Você não encontra paz , evitando a vida." Virgínia Woolf.



SOCIEDADE DE AMIGOS: O CANTO DO INFINITO NA POESIA DA ADILSON S SILVA

Caminho das estrelas

              Adilson S Silva



Caminhando por entre estrelas
Passei a noite encantado
Com tanto brilho
Que meus olhos não quiseram dormir

Então hoje, eu acordei o sol,
Que despontou a me sorrir,
Bebi sua luz,
Anunciando um lindo dia,
Invadindo-me assim,
Com um olhar risonho,
Pois tive um lindo sonho

Sonhei acordado
Saudosa miragem
Não era ninguém
Não era nada
Uma tola alucinação...
FONTE: rimastruncadas.blogspot.com 

BONS ENCONTROS: ADEUS, ANO VELHO; UM TEXTO DE MARIO QUINTANA

No ano passado...
            Mario Quintana
Já repararam como é bom dizer "o ano passado"? É como quem já tivesse atravessado um rio, deixando tudo na outra margem...Tudo sim, tudo mesmo! Porque, embora nesse "tudo" se incluam algumas ilusões, a alma está leve, livre, numa extraodinária sensação de alívio, como só se poderiam sentir as almas desencarnadas. Mas no ano passado, como eu ia dizendo, ou mais precisamente, no último dia do ano passado deparei com um despacho da Associeted Press em que, depois de anunciado como se comemoraria nos diversos países da Europa a chegada do Ano Novo, informava-se o seguinte, que bem merece um parágrafo à parte:


"Na Itália, quando soarem os sinos à meia-noite, todo mundo atirará pelas janelas as panelas velhas e os vasos rachados".


Ótimo! O meu ímpeto, modesto mas sincero, foi atirar-me eu próprio pela janela, tendo apenas no bolso, à guisa de explicação para as autoridades, um recorte do referido despacho. Mas seria levar muito longe uma simples metáfora, aliás praticamente irrealizável, porque resido num andar térreo. E, por outro lado, metáforas a gente não faz para a Polícia, que só quer saber de coisas concretas. Metáforas são para aproveitar em versos...


Atirei-me, pois, metaforicamente, pela janela do tricentésimo-sexagésimo-quinto andar do ano passado.

Morri? Não. Ressuscitei. Que isto da passagem de um ano para outro é um corriqueiro fenômeno de morte e ressurreição - morte do ano velho e sua ressurreição como ano novo, morte da nossa vida velha para uma vida nova.


quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

NA ALEGRIA DO ANO NOVO, MEU CARINHO... PASSARINS E FLORES NA CAMINHADA...

passarin  morro
na magia vivo  e
canto alegria de
na flor     pouso
             ninho
no cais da poesia
          a vida é barco
                 navegação
no oceano da paixão...

               jorge bichuetti


rasgo meu coração
desfiado o coloco
um fio no   chão florido;
outros fios   no sonho e
assim, acordo a manhã
co'o orvalho de um novo
dia... aurora primaveril no
voo da poesia       passarins
         canto
     encanto
     no último fio    a paixão...


                               jorge bichuetti



kazi-estrela,
um farol no caminho:
sonho do guerreiro  menino
a vida na ternura visceral e
u'a nova humanidade  ecoa
no canto  dos   passarinhos...

                jorge bichuetti


o sinal abriu-se
no verde a esperança 
                            desovou
germeninação da vida e a flor
                            desabrochou-se
vermelho no céu, aurora do infinito...


                                jorge bichuetti



ENTRE PEDRAS, FLORES...
ENTRE ESPINHOS, SONHOS...


A VIDA VOA NAS ASAS DA LIBERDADE...
NA ROSA VERMELHO O GUERREIRO ASPIRA SONHOS;
VIDA-LIBERTAÇÃO NO HORIZONTE AZUL DA UTOPIA.


FELIZ ANO NOVO!!! COM TERNURA, MEU CORAÇÃO...


UTOPIA ATIVA...

 

ALEGRIA E PAZ!!!
PELA LUTA LIBERTADORA DOS POVOS LATINOAMERICANOS... 
E PELO FIM DE TODA EXPLORAÇÃO, OPRESSÃO E MISTIFICAÇÃO...


"Somos todos desertos, povoados de tribos, floras e faunas." Deleuze


Feliz ano novo!!!
Abraço a todos os amigos e a humanidade que é vida com sede de libertação, abraçando com carinho e teernura o amigo e mestre Gregorio Kazi, com quem aprendo, pouco a pouco, a ousadia guerreira e a dignidade ética...

DIÁRIO DE BORDO: UM ANO NOVO NA TERNURA DAS MANHÃS... UM SONHO DE PASSARIN...

                                      Jorge Bichuetti

A vida amanheceu orvalhada de sonhos... Não vi o luar, nem escutei os passarinhos que cantaram e se foram, voando livres na amplidão do azul do céu... Mas, o aconchego no ar ficou... A brisa suave da manhã contagiou o verde e o azul; assim, cheguei no quintal e sentindo a leveza do novo dia, ali, fiquei um bom tempo, respirando a ternura que havia tecido nas folhagens e nas flores um manto de suavidade...
A Luinha, meio sonolenta, queria correr e brincar... Logo, fugiu dos braços e adormeceu, novamente...
Sozinho, então, me pus a pensar... no ano que termina e no que já anuncia a sua chegada...
Um novo ano... 
Quando jovem, um novo ano era tão somente os festejos alegres e intermináveis... Agora, já não é assim... Tão logo senti o anúncio do novo ano, de imediato, comecei a sonhar um plano de vida nova para passar pelo tempo e deixar que o tempo me leve, no compasso das realizações que dão vida à vida e dão sentido ao caminho...
Não quero ouro nem prata... quero amor e paz, solidariedade e partilha... Quero viver, semeando os frutos de um novo tempo...
Diante do poder, quero ser a cidadania viva e atuante... a luta por incorporar no meu corpo e no corpo da vida a ética do bem comum...
Quero aprender a amar... Não uma teoria sobre o amor... Quero aprender a amar no dia-a-dia... no borboletear do tempo... Amar, se dando; alegrando o outro e a vida... Amar, multiplicando a paz, e combatendo a exclusão, a violência, a miséria e o desamor...
Quero ser feliz... Mas, não quero o riso raso das alegrias alucinógenos... Quero a felicidade que brota nas "horinhas de descuido"...  Quero a felicidade de ver e celebrar a paz e a amizade... aliada a felicidade de vencer o comodismo e ir pelo caminho, lutando sempre pela vida de dignidade, liberdade e justiça, com todos e para todos...
Não me é insensível a alegria de nos ver galgando o lugar da sexta economia do mundo... Meu sonho, contudo, pede mais... Quero a alegria de celebrar a vitória das florestas riachos, dos povos indígenas e dos favelados.... Quero o Xingu em festa... quero fim da violência e a plenificação da cidadania ampliada na efetivação nos caminhos do Brasil da justiça social e dos direitos humanos...
Quero poesia e sonhos, ternura e aconchego... Para mim e para todos, por isso, quero a erradicação do trabalho escravo e do analfabetismo, quero a criminalização da homofobia e fim de todos os preconceitos e intolerâncias...Quer nossa juventude, cuidada e mobilizada pela arte de existir na alegria e na existência como arte de criar e reinventar no caminho a vida e o mundo... não há quero criminalizada pela nossa incapacidade de criar um mundo feliz e continente, capaz de seduzi-la mais do pode a sedução das drogas...
Eu quero viver... e viver com meu povo numa caminhada de sonhos e libertação...
Ano novo, vida nova... um novo recomeçar... 
Será sonhar demais desejar o Brasil na condição estelar de país da generosidade, da ética e da inclusão amorosa e terna?...  é  loucura querer um Brasil onde a ordem seja a vida solidária e justa e o progresso a vida de alegria, paz e ternura?...
Parece uma utopia... 
Eu a quero... uma utopia ativa: a vida voando nos braços da liberdade; meu povo cantando e celebrando a justiça e a igualdade...
Nós, que fomos por tanto tempo o quintal do mundo... iniciaremos um novo ano e nele, eu quero a vida brotando e florindo na ternura encantada das manhãs quando orvalho perfuma o tempo e o vento carrega a fecundação da alegria no alvorecer das flores que abrem e na candura dos passarinhos, que livres, voam e cantam... eu quero para o meu país e para minha gente, a alegria e a paz que sonha o impossível na magia da utopia ativa que acorda o dia na serenidade e suavidade da vida no meu quintal...



POESIA: LASCAS DO INFINITO

                        ESTA FLOR
                               Jorge Bichuetti

Esta flor que brilha nos teus olhos
encanta a vida e fecunda os sonhos
que andam pelo mundo solitários...


Esta flor que é canto e é magia, é
a poesia da paixão 
nos versos reluzentes
que tece caminhos 
nas trilhas do teu coração... 




                                  NO LUAR
                                          Jorge Bichuetti


Sob o luar, meu corpo 
arde, com ânsia
de voar na amplidão 
para um dia pousar
no ninho de flores 
e carícias, sonhos de
vida e amor que brotam, 
verdejantes, no
solo mágico 
do teu terno e vadio coração...

MESTRES DO CAMINHO: LIÇÕES SOBRE LIBERDADE

                           REFLEXÕES:

- "A liberdade é a possibilidade do isolamento. Se te é impossível viver só, nasceste escravo." Fernando Pessoa

- "Há momentos infelizes em que a solidão e o silêncio se tornam meios de liberdade." Paul Valéry

- "Não quero nunca renunciar à liberdade deliciosa de me enganar." Che Guevara

 - "Um homem não pode ser mais homem do que os outros, porque a liberdade é igualmente infinita em todos."Jean-Paul Sartre




SOCIEDADE DE AMIGOS: A HUMANIZAÇÃO DA VIDA NA POESIA DE PAULO ANDRÉ LACERDA ALVES

                       UMA NOVA SUAVIDADE, NO SILÊNCIO DO MUNDO
                  Paulo André Lacerda Alves

E se em um breve momento o mundo todo parasse de falar
De contar seus feitos épicos
De chorar seus amores egoístas
De buscar filosofias vãs na auto-ajuda

E olhássemos uns para os outros
Perdoássemos o pecado do outro
Perdoássemos nossos próprios pecados
Víssemos no céu rubro de fim de tarde
Paz e luz como uma inédita melodia

Então não doeria tanto viver
A face malicenta do ignorante
Não mais carregaria o peso do erro
Mas a compaixão pelo que tem fome

A fome de amor
A fome de comida
A fome de esperança
A fome de não sentir mais dor

E então buscássemos ver que o que nos move
Se perde em meio ao tufão de pura insegurança
Tornando-nos uma máquina dura de guerra
Por um viver sem razão

A desrazão que obnubila
A desrazão que olha para si
A desrazão que vê no ego
O amor edípico de um paraíso triste

Ao pararmos em um breve momento
Guerras cessariam
Daríamos as mãos
Ergueríamos um novo mundo

Mundo maduro e consciente
Das dores que viveu e do que quer plantar
Mãos guerreiras voltadas a uma nova era
De mais plenitude e esforços aproveitados

Gozar então de uma paz poucas vezes sentida
Que dê mais sentido nos atos que incorremos
Que nos torne assim: fortes
Que nos leve ao além do humano

BONS ENCONTROS: A ACEITAÇÃO DO OUTRO; UM TEXTO DE ADILSON S SILBA

A aceitação do outro – Uma difícil tarefa
                 Adilson S Silva 
 
Queria finalizar esse ano, escrevendo algo para se refletir, portanto resolvi escrever sobre como melhorar nossa qualidade de vida e de nossos relacionamentos.
O tema é difícil e, as palavrinhas que causam espanto e recusa são “aceitação e mudança.”
A aceitação dos outros é uma coisa tão natural e óbvia na teoria, mas difícil e problemática no nosso dia-a-dia. Muitos aborrecimentos, dor, tristeza e amargura são sentidos na relação com os outros.
É duro aceitar o outro: o próximo, o vizinho, o pai, o filho, a mãe, a filha, o irmão, a irmã, os avós, o chefe, o colega, o professor, "o pedestre, o motorista, o empresário, o político. Isso se torna muitas vezes uma fonte de  irritação, irritação e raiva. Mas , o problema é: Viver é igual a conviver, não há como evitar o outro.

      A importância do outro

É em função do outro que nossas energias emocionais se acumulam ou se descarregam. Basta olhar algumas reações: se sinto raiva, espero que os outros mudem seu comportamento, suas palavras ou seus sentimentos; se estou envergonhado, inadequado, espero que os outros não me olhem e não me percebam; se o problema é minha angústia e medo , espero dos outros um pouco de apoio, compreensão e até afeto; se é depressão, então fico a esperar um pouco de cuidado, uma mão ajudadora; se a culpa é o que me tortura, nada mais quero dos outros, senão o perdão; se obtenho sucesso , nada mais óbvio que esperar o reconhecimento; se minha alma se alegra , quero dividi-la com os outros. Isto não quer dizer que o que se espera é o recebido. Não importa , eis  aí a necessidade da convivência com o outro.
O outro  sempre esta ali como objeto de crítica, exploração, perigo, competição, mas pode ser visto também como objeto de amor, de conforto, de prazer, de felicidade; e assim, o outro pode causar ciúme, inveja, sofrimento e afastamento, mas pode também causar admiração, respeito, atração e aproximação; o outro pode provocar perda, raiva e vergonha, mas pode provocar também ganho, alívio, alegria.

      "O erro é dos outros"

A não aceitação do outro, torna-se problemática, para a saúde  emocional, física e espiritual. Há aqueles que querem mudar o outro a qualquer preço, dominar, explorar ou culpar. Estão sempre usando os outros como responsáveis por seus fracassos, infortúnios, sentimentos, pensamentos e comportamentos. São pessoas em dificuldades consigo mesmas e usam os outros como espelho da própria desgraça.
Não se aceitam e rejeitam os outros também. Quanto mais dificuldades elas têm consigo mesmas, mais elas culpam, condenam e acusam os outros. Isso é muito comum com o adolescente que está passando por uma série de mutações físicas, psíquicas, hormonais, sociais e se sente inseguro consigo mesmo. Ficam  mal consigo mesmo e assim ficam também mal  com os colegas, com os professores, com os pais, com o mundo. Na medida em vai atingindo a sua maturidade ou amadurecimento, vai ficando mais em paz consigo mesmo e vai aceitando melhor os colegas, professores, pais e o mundo.
Alguns não conseguem ir além da adolescência, e gastam o resto da vida em conflitos, e não conseguem estabelecer relacionamentos significativos pela total incapacidade de aceitação do outro.
Há outra razão para não aceitação dos outros: o fato de querermos que eles satisfaçam as nossas necessidades, supram os nossos desejos, preencham nossos caprichos e correspondam às nossas expectativas. É óbvio que isto se torna impossível, mas muitos insistem nisso. Querem porque querem, agem como crianças recém-nascidas, totalmente dependentes da ação dos outros para a sua sobrevivência. À mínima frustração choram, esperneiam e até gritam. Ficam furiosos. Começam uma batalha para ver quem consegue vencer. A criança  faz isso muito bem, mas o adulto cai numa armadilha, a armadilha da insatisfação e frustração constantes.
Para você não cair nessa, procure esperar o mínimo possível dos outros, procure assumir o domínio da própria vida, procure satisfazer as próprias necessidades sem tornar-se um problema para a sociedade, para os outros, ou para você mesmo. Assim você terá muito mais condição de aceitar, conviver e respeitar os outros.
Lembre-se: sua dificuldade de se relacionar com os outros é proporcional às dificuldades que você está tendo consigo mesmo na administração de sua própria vida.
Quando você estiver preso no labirinto da aceitação ou não dos outros: pare, pense, analise sua própria vida. É bem provável que vai encontrar um beco sem saída onde sua vida está presa. Para sair deste beco e encontrar a pista certa você precisa de duas coisas: mudar seus pensamentos e mudar seu comportamento, com isso levará uma vida mais saudável.
Aceitar o outro é mais do que tolerar. Significa evitar sentimentos negativos em relação ao outro que você não gosta, não tolera, não suporta; significa evitar a crítica, a censura, a acusação.
Aceitar o outro é saber distinguir o ser do fazer, distinguir o ator do ato, separar o sujeito do objeto. Isto quer dizer o seguinte: separar a criança da água suja. Uma se joga fora, a outra se agasalha, protege e acaricia; o defeito não é aceito mas o defeituoso sim; a birra não, mas o birrento sim; o erro não, mas o errado sim; a falsidade não, mas o falso sim; a mentira não, mas o mentiroso sim; a trapaça não, mas o trapaceiro sim; a corrupção não, mas o corrupto sim; o pecado não, mas o pecador sim; a provocação não, mas o provocador sim, a dependência química não, mas o dependente sim.
Caso não se consiga fazer a distinção entre pessoa e ação corre-se o perigo de rejeição total porque ninguém sobraria. Precisamos aceitar a pessoa sem confundi-la com sua prática.
Aceitar é não impor condições de conformação, condições de execução de atos, condição de procedimentos, condição de características ou condição de conduta. Qualquer tipo de condição imposta para a aceitação é equivalente á rejeição. Aceitar é admitir que o ser é o ser independente de qualquer valoração, isto quer dizer que o ser é meio e fim de si mesmo.

       Aceitar é viver e deixar ser

É difícil aceitar o outro como é,quando o torno a fonte de minha satisfação, " a causa da minha felicidade, o fundamento do meu prazer. Porque quero mudá-lo, coagi-lo, manipulá-lo, orientá-lo, influenciá-lo para obter o máximo de proveito. É uma grande maneira de ser egoísta na mais alta expressão.
Aceitação mútua incondicional é o ingrediente básico para uma relação de crescimento entre dois seres humanos. É uma relação sem ameaças de discriminação, de rejeição e de rompimento. Sempre haverá opiniões diferentes, pontos de vistas divergentes, perspectivas opostas, mas através do diálogo, comunicação e interação chegar-se-á a compreensão, confiança e cooperação.
Aceitar é o oposto de mudar, mas é a condição básica para mudança porque permite o desabrochar, o brotar do que há de melhor no outro.
Aceitar não é querer mudar o outro mas deixá-lo ser. Quando você deixar alguém ser ele mesmo, a pessoa  mostra o que há de melhor dentro "de si.
Para se relacionar adequadamente, você precisa aceitar, sem querer mudar. Quanto mais se insiste com um alcoólatra para não beber, toxicômano para não cheirar, um obeso, para não comer, um viciado no trabalho para não trabalhar tanto; mais eles bebem, cheiram, comem ou trabalham.
Com a insistência dos parceiros para  a mudança, as posições se enrijessem, as discussões aumentam, o relacionamento esfria, os ataques se multiplicam, o ódio ferve, o afastamento emocional toma conta, a vida vira um sofrimento. Falar mal, brigar, chantagear, implorar, prometer, ameaçar de nada adianta. A única solução é deixar ser. Cada ser humano é o autor do próprio destino, portanto cada um é responsável pela própria vida. Portanto, para seu relacionamento escolha pessoas que você não precisa mudar, pessoas que você possa aceitar incondicionalmente, dando-lhes o direito, inclusive, de mudar se assim o desejarem.
Não assuma a frustrante tarefa de mudar, a obrigação, o dever de mudar. Ninguém tem o direito, a responsabilidade ou o poder para mudar o outro. Por isso não se sinta culpado pela vida do outro. Cuide da sua e estará fazendo uma grande bem  por você mesmo.


quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

AFORISMOS SOBRE A VIDA NOVA; PRÓDIGIOS DO TEMPO NO CORAÇÃO DO VENTO...

                         Jorge Bichuetti

O guerreiro desnuda no horizonte o clarão de u'a nova aurora; a escuridão e a opressão nascem da covardia dos tiranos...que perderam o espírito guerreiro no sepulcro do narcisismo.
                               ***
Renovar a vida é pari-la na alegria do novo e da mudança que emergem , florindo o caminho... o resto é maquiagem.
                              ***
A pureza difere do puritanismo, como a flor dos espinhos...
                              ***
A poesia é um delírio profético não-capturado pela moral e pelo ideário da estabilidade.
                              ***
Para o olhar encantado do infinito, a arte é a oração dos que se ajoelham e cantam no templo da ternura.
                              ***
A primavera árabe é o maio de 68 que ressuscitou e voou abandonando o sepulcro do niilismo, cancro da pós-modernidade.
                              ***
Entre o poeta e o louco, há um pedra: o paradigma da normalidade.
                              ***
A utopia socialista driblou o retranca do capitalismo neoliberal, do socialismo real e as das viagens da pós-modernidade... e gol, está na rua, nas flores que sonham com um novo mundo possível... 
                              ***
Só os sonhos impossíveis dialogam com o porvir...
                              ***
O amor é poesia da vida escrita no corpo dos que ousam superar o medo das paixões...

DO CAOS À GERMINAÇÃO DAS FLORES; PAIXÃO DO LUAR...

Kaos orgástico,
caldo germinativo na cauda
flores siderais neurônios lunáticos
alegria vital no cio dos deuses e estrelas
explosão poética na ternura do palco -
  na sacra imensidão
      cirandas e carnavais
o broto o sonho um beija-flor...


                         jorge bichuetti


Lua, deusa da noite,
magia dos amantes... poesia
flor oratório dos pagãos e dos boêmios
que cultivam no teu fogo a ternura da vida
germinação clareira vida e fé no vento da paixão...


Luinha, água orvalho
bolha de sabão e relva prateada;
luz que alumia 
   seca mi'as lágrimas... Amém, axé;
a Lua no céu voa no sacrário en-canto
que acaricia suave e terna meu coração...


                         jorge bichuetti



não posso deixar de cantar
nem quero parar de lutar; viver é
um caminho florido no orvalho das lágrimas,
se chorei, não peço perdão... que a vida perdoe e acolha
o espinho vil que violando o amor, feriu a vida e o meu coração...

                jorge bichuetti



ENTRE PEDRAS, FLORES...
ENTRE ESPINHOS, SONHOS...


A VIDA VOA NAS ASAS DA LIBERDADE...

DIARIO DE BORDO: COMO É BELO O CANTO DA VIDA!...

                        Jorge Bichuetti

O despertador não tocou... Os pássaros, sim; eles me acordaram... Suavemente, como se quisessem que o orvalho da manhã me enternecesse e fecundasse... de alegria e paz... A Luinha fingiu nada ouvir... Só se levantou quando junto aos álamos eu dialogava coma vida... Ressabiada, parecia temer por minha sanidade...
Conversamos, comumente, com pessoas que não nos escutam; mas nos sentimos um poco loucos dialogando com a vida, mesmo ante a a escuta permanente da natureza que sua mineiridade é boa de prosa...
Nunca paramos para fugir dos parâmetros médicos e ouvir nosso coração e escutá-lo no seu parecer sobre o que normalidade e o que é loucura...
Olhamos o mundo com os olhos dos compêndios de psiquiatria...
E cremos neles: as flores não falam... o luar e as estrelas não sentem... Será?...
Os passarinhos orquestram no canto do amanhecer a poesia da esperança...
O orvalho fecunda o coração da terra, fazendo florescer num ato guerreiro de quem nega o pessimismo e o fatalismo e crê na fecundidade do destino e da história...
Tenho no luar e na minha pequena Luinha dois amores que acolhem, me cuidam, me acariciam e me ensinam a amar, não como quem se apropria, mas como quem se dá...
Os loucos deliram; contudo, a guerra é racional... Lúcida na sua ganância de empoderar-se através da destruição do outro...
O delírio do loucos é a lucidez terna da vida que brinca de fantasiar como quem inventa um novo caminho que embora invisível, mora no ventre grávido do tempo que tem ânsia de mudança e inovação, vida nova, nova suavidade...
Nunca ou quase nunca escutamos os delírios dos loucos... e tanto não serem ouvidos, eles se mesclam com figuras e linhas do passado... Ocultam a poesia do porvir, temerosos do mundo que massacra quem ousa conjugar a vida no tempo da esperança...
Vendavais; tormentas... falam do cansaço da mãe natureza...
A violência é o grito agônico de uma sociedade de competição e exclusão...
A vida fala e não a escutamos...
Brincamos de temer o apocalipse, fabricando-o com nossa cultura bélica e fascista... com a nossa destrutividade...
Mas, a vida canta... E como é belo o canto da vida....
A vida é ânsia solidária e compassiva, sonhando com o amanhecer do novo... Da vida de partilha e comunhão, de inclusão e fraternidade...
Enquanto idolatramos o individualismo... a vida é humanidade em luta com a nossa desumanidade...
Ela espera... seus guerreiros e seus poetas... os que ousarão ir no horizonte buscar a aurora de um novo tempo de amor e paz...
A morte discursa; a vida canta...
A morte escraviza; a vida encanta...
Ela é a magia do porvir... negada pela mediocridade da nossa vidinha tristonha e cinzenta...
Assim, a morte dita suas verdades absolutas... e vida germina na sementeira includente do devir, do sonho e da arte... ela canta na ardência do que não vemos nem vivemos, ela canta nos etecéteras que serão paridos um dia na alvorada do amor terno das manhãs encantadas pela poética dos passarinhos...