terça-feira, 13 de dezembro de 2011

DIÁRIO DE BORDO: NA ESCURIDÃO, O CHEIRO DAS MATAS...

                                   Jorge Bichuetti

Dialogando com a Mãe Terra, nesta manhã escura... Céu azul, com raríssimas estrelas... Senti na pele o cheiro das plantas que dão vida ao meu quintal: os álamos, a roseira, os pés de beijo, as samambaias, o limoeiro, o pé de romã... Perfumam, como se poetizassem a esperança de um mundo verdejante... Não pude resistir muito tempo... Antes, mesmo nos dias chuvosos e de tempestade, sempre havia o brilho de uma estrela... Não há vi, mas desejo crer que ela não se apagou... Nem que haja se convertido num buraco negro que esvazia da vida a vitalidade e a esperança...
O Xingu e Belo Monte, o Código florestal e a Comissão da Verdade, o PL que criminaliza a homofobia... todos esperam, ansiosos...
A estrela não apagou... se apagou, reacendam... A maior violência é a regressão ao vazio e a desmoronamento ético que eclodem quando a vida segue, navegando... sem esperanças...
A esperança ativa é fruto da dignidade ética de um coletivo que assinala no horizonte azul... a certeza do alvorecer.
Viver é recomeçar... Recomeçar pede coragem, ousadia, perseverança, obstinação e esperança...
O nada é o vazio que esgota e aniquila... O fatalismo sustenta a tirania e inibe a luta... Suprimindo nosso capacidade guerreira de lutar, decompomos o nosso corpo que adoece e banaliza a vida...
A vida banalizada e alheia aos sonhos coloridos de esperança e ética animaliza a violência e dissemina, epidemicamente...
Queremos paz... para que tenhamos paz urge que , igualmente, tenhamos quietude, serenidade, confiança, vida de harmonia no contexto em que suportamos a escuridão da noite na certeza de que o sol nascerá...
Urge retomar a nossa capacidade de sustentar a esperança...
A esperança passiva é acomodação, projeção no outro e, assim, paralisia do que pode um corpo...
A esperança ativa é o desnudamento da vida que é tecida no emaranhado de força e luta dos coletivos... Rompe a passividade, e implode o individualismo...
A democracia não é um espaço que fortalece a vida, alienada da cidadania ampliada...
O outro - gente, planta e bicho - é fonte de alteridade ética... Se os incorporamos nas nossas vidas, passamos a funcionar com o compromisso social inalienável de viver e con-viver, agir e intervir, tecendo com nossas atitudes um plano de vida, de consistência, para a ética do Bem Comum...
Nunca nos esqueçamos que é impossível viver fora do mundo criamos...
Somos co-criadores...
Lá fora, a rosa perfumada e os passarinhos cantantes alegram-se e nos alegram...Vivem e se alimentam porque esperam na confiança e na esperança...
Não permitamos que a nossa mãe Natureza desista de nós...
Que na face da dignidade, então, brilhe a estrela... caminho da aurora, poesia do porvir...


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