segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

VIDA-ANDARILHA: O NOMADISMO COMO MODO DE EXISTIR...

                       Jorge Bichuetti

Ninguém discorda que podemos ser nômades, vivendo num ponto; como podemos ser territorializados com u'a vida errante. As andorinhas nômades marcam na suas revoadas um território.
Os pardais vadios e anônimos desterritorializam ciscando o mesmo terreiro...
Quando viajamos... podemos desterritorializar, estar distanciados dos grilhões que nos condicionam e vivenciar u'a outra maneira de estar no mundo: novo espaço, novos costumes, um se colocar aberto às novas experimentações...
Como podemos carregar na bagagem... o instituído - normas, regras e leis que nos atravessarão, impedindo-nos de acessar qualquer novidade.
Ser nômade, assim, não se resume a transposição corporal da nossa vida... refere-se ao modo de andar a vida. Nosso jeito de olhar e experimentar o mundo... De flexibilizar nossas referências existenciais e provar, degustar, desfrutar daquilo que permanecia inédito.
Um ego rígido, estável e imutável é um arranjo que inibe as forças inovadoras do nomadismo... Com ele, somente, fotografamos outros modos de ser e estar... permanecendo, contudo, intocáveis no nosso modo de viver.
"Navegar é preciso"... " O necessário é criar"...
A experiência das viagens estão relacionadas à nossa capacidade de abandonar trajes e tralhas... valores e limites... e na ousadia de outrar, permitir a emergência dos nossos eus não-nascidos... do novo... do inusitado...
A vida mental não se restringe ao ego e seus derivados...
Podemos experenciar novos modos de ser e estar no mundo... e, assim, amplificar nosso próprio repertório...
Comumente, agimos e reagimos com repertório restrito. limitado pelas instituições que nos formatam.... Longe delas, vivemos um alisamento propicio às novas invenções do caminho...  Contudo, se a farda do ego nos impede de viajar, já que só estaremos ali como fotógrafos do estrangeiro, permanecemos no cerco que delimita a nossa existência... A cerca e nós, num curral...
Vivenciar outra cultura, outro modo de existir amplifica nosso modo de viver; porém, para isso, urge que abandonemos nossa identidade dada na mesmice dos atos repetitivos.
Urge ousar viver no limite... Urge ousar escutar o canto que emerge na diferença...
Assim, podemos entender Fernando Pessoa com o seu ontológico poema:
"Segue o teu destino,
Rega as tuas plantas,
Ama as tuas rosas.
O resto é a sombra
De árvores alheias.
A realidade
Sempre é mais ou menos
Do que nós queremos.
Só nós somos sempre
Iguais a nós-próprios.
Suave é viver só.
Grande e nobre é sempre
Viver simplesmente.
Deixa a dor nas aras
Como ex-voto aos deuses.
Vê de longe a vida.
Nunca a interrogues.
Ela nada pode
Dizer-te. A resposta
Está além dos deuses.
Mas serenamente
Imita o Olimpo
No teu coração.
Os deuses são deuses
Porque não se pensam"
Viver é metamorfosear-se, outrar-se, parir eus não-nascidos... Desbravar o novo e nele se encontrar e se perder...


2 comentários:

Maria Alice disse...

Dr. Jorge, atendo seu pedido (após a sessão na quinta feira)para dizer-lhe da minha disponibilidade de tempo durante esta semana.
SANATÓRIO OU HOSPÍCIO...Estarei à disposição QUALQUER DIA e QUALQUER HORÁRIO.
Só tenho que organizar minha saída, devido à mamãe. A Enfermeira saiu e a secretária entrou de férias. Talvez ache melhor enviar-me a resposta por e-mail.
argosmoitara@bol.com.br

Abraços. Maria Alice

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Maria Alice: paz e alegria - lhe envio por email o horário hoje... abraços ternos, jorge