segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

DIÁRIO DE BORDO: EXPLOSÃO VITAL

                          Jorge Bichuetti

Acordei na escuridão... Era cedo demais... Nem Luinha quis aventurar-se, aquietou-se prolongando a magia dos seus sonhos... O orvalho frio da madrugada...as nuvens escuras, ofuscando as estrelas... e, eu, ali, sedento de ver a Lua Cheia e os primeiros raios do sol... O cheiro da terra me lembrou, do necessário silêncio, os passarinhos dormem... e, espertos, assustam-se com os ruídos do ser humano...
A vida acordou melancólica... Talvez, a sentisse vida preguiçosa; a a visse no cerrado, numa roça.... na beira do Rio Grande... longe, da cidade com seus relógios e agendas, cronogramas e obrigações...
Meu corpo dói, mas não fala nada...
Minha pele teme... mas, se oculta... Só o meu coração busca enlouquecido o fio do tempo e as asas do vento... Queria saltar e ver no horizonte o azul; queria auscultar a música da imensidão e sentir nela a vida pulsante e alegre no bailado da esperança...
Necessito de um café quente!... Ou de um carinho enternecido na afabilidade amorosa da vida de partilha!...
Como é bela a vida nas engenhocas da maternagem!!!
Logo, será carnaval... 
Eu sei... a nostalgia e melancolia são aves que piam distantes, sons e imagens que viajam no tempo e invadem o presente... nos recordando, que muito do que passou, ficou...
Quero uma explosão vital: vitalizante e energizante... 
Nada tenho a reclamar... me faltam lamúrias... Fernando Pessoa me traz luminoso o sorriso humano de Deus... Ontem, ouvi Cora Coralina... recitando a candura da vida entre pedras, árvores ancestrais e doces...
Sábado: a Universidade Popular parecia um útero nas contrações da nascimento de novos filhos - alegria e produção desejante, encontro e serenidade...
Não dei a tanto valor a privatização... Coloquei-a no ponto cego da minha visão...
Vibrei, com loucura, no gol do Corinthians...
Assim, não explico... este desalento.
Inclusive, irreverente, afirmei: que não me preocuparei mais com o meu sobre-peso; direi que minha alegria não teme ocupar espaço e vida...
Agora, estou... procurando algo que me desperte a alma...
Creio não ser o único... que por vezes, desperta com desejo de que o mundo dos sonhos não adormecesse sob o impacto do sol ardente e do vozerio tresloucado da humanidade...
Quero sonhar...
Ver floradas no cerrado; gabirobas e goiabas... no campo... Quero olhar o Rio Grande e me sentir, de novo, em casa...
Não desistirei... Beberei outro café... Mirarei a foto de Che e na sua ternura buscarei a voz de Mercedes Sosa, a poesia insurgente de Benedetti... e seguirei...
A minha explosão vital?... A farei... Decretarei minha mineiridade e catarei rosas e o Rosa... Rosas nos altares da utopia; rosas nos percalços do caminho... E o Rosa, proseando sussurrado nos meus ouvidos:
- " O diabo não existe. Se existe, existe homem-humano. Travessia."
Para energizar as travessias do dia de hoje, amarei... com a convicção roseando  que "qualquer amor já é um cadinho de saúde, um descanso na loucura."

4 comentários:

Michel Luiz disse...

Mestre Jorge, quanta saudade! Lendo esse belo texto aqui, tomo meu café e invoco palavras doces para acompanhar sua vida enquanto foca novas explosões de vida pelo encantador universo de potências!
Um forte abraço!

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Michel: que alegria! ontem estive na Uniube... entre reflexões, o desejo e sonho de semear... andarilho, sigo... e me re-pouso na alegria das minhas belas e grandes amizades. Obrigado, amigo, pelo carinho, abraços ternos; jorge

Anônimo disse...

Querido Hermano:
te escribo por aquí, entre nosotros. Leí tu poema, sentí tu poema, así como esa escritura sale de tu sangre cada una de sus letras fluye por la mía.
Esa pregunta, radical, honesta, pulsante: Qué hacer?.... Que se hace con eso? Cómo funciona eso y cómo funcionan los haceres con eso?. Estoy con nuestro amigo, nos necesita. Estoy con nuestra amiga, nos necesita. Te evoco y te necesito. La evoco a Fátima y la necesito. Nos necesitamos; como el sol y la luna necesitan albores y ocasos.
Te quiero mucho hermano guerrero.

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Mi querido hermano, anque sienta la lejanía, de igual siento el rizoma de amor y ternura, insurgencia y vida nueva que somos... Te necesito... pero me mantengo con la percepción de que nuestros caminos siguen aunados y que vamos adelante con proyectos y realizaciones de gran valor para la vida de los que luchan atrapados por la opresión... Te queremos mucho... Cierto estoy que la vida, de igual, nos quiere y nos espera para los retos de la ternura que cambia el camino y la sociedad.. abrazos con ternura y cariño, jorge