terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

SOCIEDADE DE AMIGOS: PAULO CECÍLIO E A VIDA NOS REDEMOINHOS DAS MUDANÇAS...

FÊNIX
 
         Paulo Cecílio

veja: alcei meu vôo e fui despercebido 
lançando pelos ares apenas o som do vento  nas penas 
alcei meu voo e o horizonte agora está bem ali 
bem ali onde habitam sereias com seios de fora 
onde o  mar se dobra onde deus toca 
onde deus toca sua harpa: tocado no coração fui 
livre! e tão rápido que demorei um tanto para perceber 
que não há  correntes nos meus braços 
que  levito sem  gritos sem gravidade 
nao há gravidade e nada mais é tão grave, 
nada me gravita:
FÊNIX

agora sou uma gaivota sem peso 
foram-se chumbos, agruras 
minhas sortes todas estão lançadas 
agora sou um planador rebelde 
escalei cumes com chumbo nos olhos   
lancei meu hálito da palma das mão
soprando forte muito forte 
nos ares dos andes das mantiqueiras 
das serras compridas cumprimentando deus 
lambendo o céu esquecendo o tempo
agora sou gaivota sem peso: esqueci as traições 
os perdões agora são desnecessários 
minha alegria não existe no mundo em que naufragas 
meu gôzo vem de terra outra, de mares esguios... 
não pulso, desliso 
navego ares que desconheces 
minha alegria é minha loucura em plena consciencia 
em pleno voo:
meu gozo é líquido de luz derramado em frascos de ouro
sou o vazio das penas do albatroz: 
pulsam em mim apenas penas vibrantes 
ouvi tuas nuances conheci tuas partituras 
sonhei nas espumas espessas dos amores 
das noites tensas pensas por fios que agora se vão:
agora sou uma gaivota plena de dor e loucura que partiu de voces...
 
 

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