quarta-feira, 28 de março de 2012

DIÁRIO DE BORDO: MINHA VIDA DE ANDARILHO

                                    Jorge Bichuetti

Tudo está demasiado quieto... Minhas malas fechadas... meu cassaco... penso que sabem que irei partir... Tento abraçar, mas Luinha foge... Não gosta de adeuses... Explico-lhe que Aracaju é perto... perto do mar, das águas morenas... Ensimesmada, noto-lhe o ciúme no olhar...
Os passarinhos cantam... Eles são andarilhos, e errantes conhecem o céu que tudo une numa mesma imensidão...
O amor é a ternura que desconhece a distância; é elo que ata vidas... o amor é u'a ponte entre almas; u'a fonte de vida que multiplica nascentes para ser também um barco que ternamente é cais e oceano...
Navegar é preciso...
Aprendi amar Aracaju... Só não sei ficar longe dos olhinhos miúdos da minha Luinha que me tem sido o carinho diário e companhia permanente de todas aventuras...
Lá, sentirei a alegria nordestina: o devir guerreiro de um povo Lampião que semeia vida musicada pela ousadia de Maria Bonita...
Aprenderei a dançar forró?... Não sei...
Viverei... Viverei...
Viajar é desenraizar nosso ego e aventurar-se na experimentação da vida florida noutros campos, noutras travessuras, noutro modo de ver, sentir e versar o luar...
Um voo no outro... Depois, a volta... o reencontro, a certeza de que a vida não se perdeu nos descaminhos do destino, amplificou-se... acercou-se das ondas que mareiam o devir humanidade...
De lá, escreverei... Mas, não ensinei a comunicação pelos rabiscos das letras a minha pequena Luinha...
Assim, voo, vou... acreditando que com ela mora no seu coração de anjo a certeza: a incondicionalidade do meu amor...
Tudo passa - entre partidas e chegadas - mas o amor permanece nas floradas da ternura que é o orvalho de suavidade do próprio infinito...

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