domingo, 18 de março de 2012

POESIA: NO BECO, ESTRELAS CADENTES E FLORES MURCHAS...

                                NO BECO
                              Jorge Bichuetti

No beco, estrelas cadentes e flores murchas
enfeitam a vida num longo beijo, 
no último suspiro,
no sonho dourado 
dos que bailam entre o êxtase e a agonia...


No beco, a vida está desnuda...


Um corpo no chão, voos de louca paixão...


No beco, a vida voa sobre o abismo:
no fundo, a canção... o amor cantado
na gota de sangue 
que no asfalto reza
a oração piedosa 
dos que se vão nos braços da sorte,
acendendo com velhos jornais u'a fogueira
com a reverência dos que nas catedrais
badalam os sinos e acendem um cortejo de velas...

A vida, no beco, suspira e sonha... céus
onde deuses ninam santos e pagãos, 
entre anjos travestidos
de crianças 
que cirandam a alegria da vida de ilusões... 


                             DESILUSÃO
                                  Jorge Bichuetti

A palavra rude corta o vento;
apaga o brilho do olhar
como se tingisse o céu de cinzas,
ofuscando estrelas e a magia do luar...


A vida é uma fábrica de sonhos;
o caminho, uma florada de ternura...


Se o cruel silencia o amor,
a vida agoniza nos braços da desilusão...


A desilusão é a navalha na carne;
um espinho nas flores que murchas
transformam em montros as fadas
que velam no caminho os sonhos
dos que seguem o vento procurando
nas veredas do infinito o coração de Deus...

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