quinta-feira, 22 de março de 2012

POESIA: RABISCOS NO CAMINHO

                      CAMINHO...
                           Jorge Bichuetti

Caminho. Sigo ziguezagueando
cego e mudo; deixo, nas marcas dos meus passos,
tão-somente os rabiscos da minha vida...
Vida tragada no labirinto dos adeuses...
Vida solfejada no gotajar das lágrimas...
Vida triturada na espera da aurora permeada de sonhos...


Caminho. Feliz e infeliz, sigo
longe das horas... todo dado
aos atalhos que recortam no caminho
a vida, esta aventura errante,
este mal necessário...


Mas, no caminho, desconheço
o abismo peçonhento da tristeza...
Erro na santidade do vento
que me leva alto, junto às nuvens,
onde cantam os estribilhos do tempo...


Caminho, tecendo com flores e estrelas
o pano branco que um dia tremulará
na solidão e na agonia do último suspiro,
como a mesma alegria que houve
quando um dia no sonho de amor dos meus pais,
eu nasci... rabisco do destino dado ao caminho...


              MINHA ESSÊNCIA
                            Jorge Bichuetti

No espelho do tempo me vejo
galopando errante entre pedras;
no caminho, sonho... mas meus sonhos,
são os sonhos da própria vida...

Minha essência, a deselegante inocência
dos rodopios do pião e da leveza da pipa,
feita de retalhos, 
pedaços de papéis 
onde escrevendo poemas... me descubri
vida nas miragens da fumaça do tabaco,
vida incendiada pelo fogo das paixões,
vida no hálito renitente do cravo e da canela
que chá fumegante alimentou meus saltos na estrada...


                     EU
                           Jorge Bichuetti


Eu nada quero
além da rosa na
janela entre a viola e o luar...


Eu tudo espero
menos a dor de ver
um mundo lúcido onde não caibam
poesias e canções...

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