sexta-feira, 25 de maio de 2012

DIÁRIO DE BORDO: CAMINHOS DA HUMANIDADE...

                            Jorge Bichuetti

Dia claro... Claro no azul do céu; claro na ternura que pulsa, sacudindo meu coração... Nuvens de algodão. Espinhos, pedras, obstáculos, críticas são só artefatos do caminho que teimoso, persiste na arte de tecer nos andarilhos a capacidade guerreira de sonhar, brilhar, lutar...
O café demorou... Esperei-o, para que ele ouvisse a alegria da manhã... Cantoria, pássaros  voando. rosas perfumadas...
Gastamos tanto tempo com o medo, a insegurança e as tristezas represadas no coração que, quase nunca, vemos o belo... A vida e suas procriações singelas, mas que vistas, enche o peito da gente de novas emoções...
O pessimismo e o fatalismo se sustentam na nossa cegueira generalizada. Cegos, nada vemos... Surdos, nada escutamos...
Contudo, a vida é bela e canta...
Canta a sinfonia do recomeço que instala, em cada manhã, um convite de mudança.
Nos madrigais matutinos, a vida orvalha a terra e a nossa pele; solfeja um hino de esperança; grita no horizonte policrômico que o cinzento é uma permanente ação do mundo, onde negamos as floradas primaveris de uma vida nova.
Evitamos o novo... Mergulhamos nossos corações no lamaçal da mesmice.
Queremos ouro e prata; glória e fama; poder e supremacia...
Individualistas, suprimimos o outro... Consumistas, acumulamos e não desfrutamos... Competitivos, deixamos de investir no nosso próprio crescimento; gozamos com a pequenez e desvalia dos outros...
Desumanizados nas potências afirmativas da vida, vivemos... com angústia e tédio, depressão e solidão... alienados, nos destruímos... e banais, nem vemos a alegria e o amor estampados no rosto da vida, dizendo-nos que a paz e a serenidade moram no caminho da partilha e da solidariedade...
Não reconhecemos que a vida é bela e canta... no seu sonho de ver no caminho a consumação da ética do Bem Comum.
Aliás, somos capazes de oprimir e reprimir em nome do puritanismo moralista... por ele, engaiolamos e somos engaiolados... Mas, a vida voa nas asas da liberdade. É amor incondicional; misericórdia e compaixão na ânsia de permanente e irrestrita inclusão.
Silenciosa, a vida tece a poesia da ética da amizade... Conspira por sustentabilidade ecológica...
Não aprendemos a arte de conviver com a nossa própria humanidade: vulnerabilidade; recomeço; inacabamento... um ser metamorfoseante na travessia da própria existência.
Nossas  neuroses vinculam-se ao nosso modo de ser... Servis e submissos, ante o status quo; coniventes e cúmplices das injustiças; algozes severos da singularidade alheia... Assim, armamos um psiquismo que nos desconstrói enquanto potência criativa e nos engessa na condição de árbitros da intolerância...
Nos entomos, desta maneira, um existir sob o paradigma da destrutividade, passiva ou ativa...
Escravos acorrentados... não voamos, não sonhamos, não tecemos tribos, não brilhamos... não nos descobrimos humanidade...
Poderíamos concluir que estamos todos agonizando de uma mesma patologia: excesso de narcisismo; incapacidade de amar... de se dar... de encontrar e tecer com om outro caminhos e horizontes que nos subtraia dos abismos hodiendos da nossa desumanização.



CUIDAR É INCLUIR; INCLUIR É ACOLHER; ACOLHER É PARTILHAR...

Um comentário:

Anônimo disse...

Quanta alienação; somos obstinados a fazer parte do compose da embriagues da materialidade e do individualismo. Desprezado mundo proprio há um dia de se deixar liberto das amarras do convencionalismo. Novas potencias criativas hão de surgim e vinculadas a elas a sensibilidade e o amor. A humanização ha de ser cravada assim como o cravo precisa estar cravado a terra para florescer...agoados pelo amor onipotente de Deus. Supremo supremo. Abraços . Patrícia Oliveira