terça-feira, 15 de maio de 2012

DIÁRIO DE BORDO: O CANTO DAS PEDRAS...

                     Jorge Bichuetti

Os pássaros cantam... Aurora festiva na esperança do dia que recomeça... O vento assobia; as árvores bailam... Vida empluma-se no desejo de recomeçar, enfeitada pela magia de uma nova e inédita alegria.
Já o canto das pedras narram o caminho: lutas, sonhos... dores e êxtases... silêncio e palavras...
No turbilhão do tempo, a vida se remoça... veste-se de primavera e numa valsa instala-se vida tecida na profecia da lágrima que caída, viu-se asas de um novo voo...
O passado tem cheiro de biblioteca: livros, mapas...o vivido sofrido, a agonia incerta... 
As pedras é um livro que não lamuria o tempo passado; o desvela, mas se integra nas novas construções do porvir...
Caminhos de pedras: caminhos do amanhã na luta ardente do presente...
As pedras sonham... silenciosas.
Serão casas, pontes... Escadas, encostas...
Sobre elas pulsação sonhos andarilhos; sobre elas o mar querendo inundar o sertão...
Viver é tecer caminho; ser caminhos... no alvorecer de um novo tempo que escuta o canto silenciosa das pedras e a sinfonia alvissareira da aurora...
Muitos se petrificam... escutam e nada falam; guardam nas entranhas o canto da desilusão...
Outros petrificados, verdejam de lodo e lama... florescem flores baldias e cantam os sonhos dos que no caminho, nada possuindo, somente amam o horizonte azul...


4 comentários:

paulo cecilio disse...

Belíssimo texto! De tirar o fôlego!!!

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

PAULO, UM TEXTO DADO PELA FALTA DE FÔLEGO... ABS TERNOS, JORGE

Maria Alice disse...

Querido Dr. Jorge.
Rolando Boldrin, durante o programa SR.BRASIL, nos presenteou com uma beleza chamada "O enamorado da vida". Enquanto ouvia, fui lembrando dos seus escritos no "Diário de Bordo" e constatando que você sempre será um enamorado da vida.
Meu carinhoso abraço, recheado de admiração. Maria Alice

O ENAMORADO DA VIDA
Olegário Mariano

Eu sou um enamorado da Vida!
Para sentir melhor o céu na minha casa,
Plantei a minha casa entre o mar e a montanha.
Se as ondas vêm rugir a meus pés, a horas mortas,
A lua desce a mim numa carícia estranha.

Bebo as estrelas de mais perto
. . . Abraço
Todo o corpo do céu num simples movimento.
E, quando chove, sinto a torrente das chuvas
Trazendo da montanha, em seu penacho de águas,
Frondes, ninhos, calhaus e pássaros ao vento.

Eu sou um enamorado da Vida!
Amo-a por tudo quanto ela me pode dar:
A água fresca da fonte, a carícia da sombra,
E até a calma silenciosa e mansa
Desse crepúsculo que baixa devagar.

Em cada mão de folha a minha boca bebe
O orvalho da manhã como um suave licor.
E abro os pulmões, sorvendo em tudo o que me envolve
Essa onda de volúpia e de êxtase e perfume
Que vem do amor e que me leva para o amor

Eu sou um enamorado da Vida!
Tenho ímpetos de voar, de galgar, de vencer
Colinas, penetrar o coração dos vales,
Relinchando feliz como um potro selvagem
Que solta as crinas no ar para melhor correr;

Ou retesar as asas brancas de gaivota
E atirar-me na fúria incrível das procelas;
Beber em haustos toda a glória do mar alto,
Rolar no bojo dos batéis desarvorados
Ou as asas enxugar no alvo lenço das velas

Vida! Quero viver todas as tuas horas,
As que prendi na mão e as que nunca alcancei.
Ser um pouco de ti no espelho das paisagens
Para, quando morrer, levar dentro dos olhos
A beleza imortal de tudo quanto amei.
Do livro:
" O enamorado da vida", 1937

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Maria Alice, sua ternura de poeta é mão com flores... alento na estrada. Obrigado!!! Saraví!11 Meu carinho eterno, jorge