domingo, 27 de maio de 2012

SOCIEDADE DE AMIGOS: NO CARINHO ETERNO, A POESIA É TERNURA NUM ABRAÇO - CORPOS ENTRALAÇADOS NO COMPASSO DOS VERSOS


PARA MINHA IRMÃ ADRIANA
                Paulo Cecílio

permanecerei,
mas so uma coisa nao farei: 
deixar de crer que ao fim deste deserto 
irei encontrar-te meu amor luz da minha vida . 

o filme se chamava "RETRATOS DA VIDA", e voce me arrastou para ve-lo e sair todo arrepiado girando ao som de Ravel naquela pracinha empoirada de goiania..

tá Adriana,
minha querida:fiquei 
ao ver-te partir 
soube que recebera
a inacreditável sentença de permanecer . 

aceito isto ate porque outros anjos 
voam nas madrugadas de desespero 
dançando teu perfume que me faz tremer 

permaneço. 

faço em teu nome. 
farias tambem, 
mas quem maninha 
vai me fazer um dia 
café preto de colher e meia? 

haverei de sobreviver 
sem tuas bonecas velhas 
teu fogaozinho de barro 
haverei de dormir um dia 
sabendo que acordarei 
novamente sem voce. 

haverei de pagar 
todas promessas 
que prometemos juntos 
sonhando sob a sombra sob o sol. 

haverei de passar
meu café solitário
ate que caia 
o ultimo pó 
a ultima colher.

farei isto em memoria de nós. 

haverei de permanecer 
ainda sem saber nunca 
por onde são meus caminhos
sem ti... sem teus passos

meus passos meus dias 
sem tua alva risada travessa 
que todo dia cava em mim 
um palmo mais de fundura 
num buraco que nao termina. 

haverei de ouvir ravel 
ate a ultima nota 
sem soltar um ai sequer. 
sem um suspiro que contamine 
o perfume que me deixaste de partida. 

mas so uma coisa nao farei: 
deixar de crer que ao fim deste deserto 
irei encontrar-te meu amor luz da minha vida . 

entao 
vou gritar com voce 
vou exigir que me explique 
como me deixaste sem dizer adeus. 
como deixaste em minhas maos 
as tuas ja partidas
pra que eu menino tomasse conta. 

sei que deveria agradecer 
a tua eleição a mim mas nao consigo 
nao sou do tamanho que pensaste maninha 
porque estava com os pes sobre teus ombros, 
é que pude roubar a fruta do vizinho pra dividir contigo... 

perdão 
mas como esquecer 
as surras que dividistes comigo? 

entenderei um dia 
quando vier 
o tempo da delicadeza 
teu gesto de partir sorrindo 
sem nada me dizer 
sem me deixar um pouco 
do teu ar do teu folego. 

entenderei. 

aprendi a esperar com voce. 
entao quando vem a vida 
arrancando pedaços de mim 
recolho cacos de joelhos 
e oro a ti 
que carne foi de mim.

fico aqui lembrando 
teus dentinhos brancos 
os mostravas a mim na mesinha de café 
com que me aguardavam teus olhinhos brilhantes 

teu sorriso 
foi com teu sorriso 
que fostes em silencio em silencio! 

entao choramos por Ravel
oramos 
pelos retratos da vida 
pelas flores laranjas
de tua casinha no jardim america 
entao brincamos celebramos outros choros 

que vinham de tanto rir. 
ah! como rimos,maninha... 

como rimos tendo deus 
por maestro fantástico. 

mudo refaço o caminho 
onde pagamos promessas 
pro nosso velho ficar bom. 

tinhamos os pés em bolhas 
e o coração leve 
carregavamos um ao outro. 

então 
desculpe maninha 
mas tua suavidade 
como descrevê-la 
como desenhar tua ternura 
se levastes as folhas de papel em branco 
com todos projetos que fazíamos sem compromisso ?

ah! maninha maninha! 
porque tenho que esperar tanto 
antes que finalmente possa de novo
te apertar ao meu peito, e brincar de brincar 
nos verdes campos dos olhos que nunca me fecham?


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