sábado, 23 de junho de 2012

DIÁRIO DE BORDO:MEU BAÚ VELHO...

                        Jorge Bichuetti

Entre nuvens, relâmpagos e trovões... chove... a água cai, rolando entre pedras e se aninha na cova aberta da terra, este azul coração da vida.
Ante as dificuldades da vida, acostumamo-nos ao fatalismo paralisante do pessimismo. Não enxergamos a vida para além dos obstáculos... ali, onde ela recomeça e floresce, dando-nos , novamente, calma e serenidade.
Nos atropelos do caminho, paramos... além, porém, mora o alvorecer de um novo tempo, novo caminho de canções e poesias, flores e sonhos.
Desistimos, facilmente...
Nocauteados, choramos...
A vida sempre ensina...
No baú velho das minhas lembranças, encontro a magia da vida alada que passando, renova-se e nos dá forças para nossa própria inovação.
Ali, no baú velho, escritos amarelados me contam de lágrimas que antes feriram e me enlouqueciam... flores murchas narram os amores perdidos... um poema diz de cicatrizes que o tempo apagou...
O meu baú velho me ensina que tudo passa... tudo se transforma... mas, que, no entanto, a vida não perece na vulnerabilidade das nossas tristezas e lágrimas...
Ela brota insurgente, contagiando-nos com novos sorrisos... alegrias que emergem no espasmo das curvas dos rios.
Recordo minha infância: pipas, cachoeiras, a bola...
Revejo amores e desilusões; perdas e angústias...
Ele, o meu baú valho, me mostra a vida nua...
Revela-me o poder do tempo que cura nossas feridas e cicatrizes; deixando vento nos trazer novos caminhos e sonhos.
Há vida nova... além dos abismos...
Há alegria e paz... após, a calmaria que segue na ternura e na mansidão que superam os ruídos e impedimentos das tormentas que nos acuam nos rodopios das tempestades...
Quando sofremos, cremos... que a escuridão seguirá eternamente nos impedindo de ver o brilho das estrelas e do luar...
... depois, olhamos para trás e constatamos que o sol renasce, instaurando na alvorada a beleza de um novo dia... deixando no baú, nossos bloqueios e problemas, as cinas das horas tristes e cheias de angústias...
Assim, não como descrer: tudo passa, mas fica a ternura da aurora e a alquimia do tempo que tudo transforma...
Permanece o amor... e com ele nossa flores e passarinhos: inspiração para tirar da virtualidade os sonhos e colocá-los redivivos nas pulsações cósmicas da vida que tecemos no entre o esforço laboriosa de nossas mãos e a candura guerreira da ternura de nossos corações...



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