sexta-feira, 6 de julho de 2012

DIÁRIO DE BORDO: NAS ASAS DO VENTO...

                      Jorge Bichuetti

Lua Cheia... O orvalho da manhã me acaricia os pensamentos: voo entre o azul do alto e a terra florida do chão... Rabisco poesia, como se tecesse um terno agasalho... A poesia e a voz do vento... Conta, narra e profetiza... Vê o hoje; chora... Logo, encontra desenhos do porvir; então, canta... baila... segue na luta, clareando as veredas da existência; loucuras da aurora... seresta cósmica do cio da vida que não cansa de alvorecer...
Na quietude da noite, vendo o céu estrelado e a lua cheia... entre saudades, encontro meus amores, perto e distantes... é meu coração enluarado na poesia enternecida das paixões.
Nas manhãs, sou pura esperança... Antevejo, na alegria da sinfonia dos pássaros baldios, a justiça e a paz, a ternura e compaixão que hão de colorir o mundo de solidariedade que é vida em gestação...
Jogo fora meu desalento, como se varresse o quintal florido da minha casa.
Com as folhas secas, arquiteto novas florações...
As flores são orações em forma de poesia, onde vida canta sua fé no amanhã...
Assim, embriagado de esperança... tomo meu café quente, brinco com Luinha... esqueço dores e feridas... só vejo na labirinto do tempo... monstros mortos e a alegria sem máculas das cirandas das crianças... alegria de ser, brincando... sonhando... amando...
Sopro as cinzas do tempo... deposito nos museus um mar de lágrimas... e, assim, amanheço sorriso dos deuses...
Viver é ato de coragem...
Coragem de sentir o caminho, rodopiando com vento... certo que o sol brilhará.
Todos os dias o sol brilha... Brilha nos dias azuis; brilha nos dias cinzentos...
O que necessitamos é criar um mundo onde ele brilhe, igualmente, para todos...
Tristezas, mágoas, medos... são monstros do abismo.
O abismo é o limite que sustenta a lágrima do hoje na indignidade de mundo de injustiças e exclusões...
Voar sobre o abismo... Criar pontes e fontes, para além das ruínas da vida de dominação, exploração e mistificação...
Utopia?... Poesia?... Loucura?...
Talvez, sim...
Porém, diante das ruínas que desumanizam a vida, é necessário ousar implodir o concreto armado e construir juntos, tijolo a tijolo, o novo, um mundo que seja a plenitude do amor incondicional...
Eis o nosso caminho para paz... eis nossa saúde maior... eis o cais que nos abrigará, dando nos coragem de navegar em busca do horizonte azul...


Nenhum comentário: