terça-feira, 28 de agosto de 2012

DIÁRIO DE BORDO: ALVORECER NO CAMINHO...

                                Jorge Bichuetti

Céu claro... O orvalho lança sobre mim o cheiro da terra molhada; folhas secas no chão ressoam, dizendo-me da vida que vai-e-vem... passa, ficando... e voa, deixando aninhado nos corações a perene fonte do amor...
Brinco com Luinha... me sinto criança nos sonhos que a aurora desperta na minha pele.
Meus cabelos brancos esconde fábulas e poesias... O tempo me deu flores e frutos; porém, sempre me provoca dizendo que o ser humano necessita ser mais... precisa aprender a ser semente.
Escuto os passarinhos: como os invejo!!!
Voam, cantando... Alegram a vida pela pura coragem de de soprar as cinzas e as poeiras do tempo; reacendendo o fogo da vida com centelhas de sonho e loucura.
A normalidade repete as manchetes do dia anterior... Não ousa procriar o novo inédito.
A humanidade anda adoecida no tédio e nas angústias da vida de repetição.
Tememos o novo...
Fugimos da incubadora caosmótica que germina novas linhas na existência, dando-nos, para além da vida cinzenta, cores e ardores, novos voos...
Muitos dirão: urge fincar os pés no chão!
Não escutam o chamado das estrelas, as cantigas do luar, a poesia do amanhecer...
Amanhecer é parir-se novo; abrir-se para a vida de ternura e simplicidade, compaixão e solidariedade... É ser além do próprio ego... Mirar a humanidade e encantar-se com o outro. Nele, se descobrindo; tanto quando o outro se encontra no nosso coração desnudo.
Assim, deixamos o comodismo... aprendemos a amar sem fronteiras e sem o medo do amor que transborda, fecundando o caminho...
Amar é aventura errante; salto fertizante; germinação inovadora...
Ser amado é espelho; amar, incubadora...
A vida alvorece no caminho do amor...
Dele, nasce um novo tempo...
Mas, para vivê-lo, precisamos sepultar nosso individualismo narcísico; e nos reinventar na potência alegre de ser entre... com... por... Precisamos aprender nos dar...  trocar...  partilhar...  compor...
Então, já não viveremos esvaziados de sentido... empobrecido de ideais...
Nem adoraremos com estranheza as estrelas do céu... As maremos como irmãs da que carregaremos no próprio coração...


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