quarta-feira, 5 de setembro de 2012

SOCIEDADE DE AMIGOS: CONCHA ROUSIA; A POESIA DO INFINITO NOS REDEMOINHOS DO VENTO


         Só ante o silêncio
                      Concha Rousia
Ante a invernia do silêncio
vestí no corpo as cores do dia

vesti os olhos de ausência
e comprovei que tua camisa 
era do tamanho do meu céu


Depois reparei nas palavras
Nas minhas
Nas usadas
Nas tuas
Nas por nós abusadas

No silêncio reparei também
Nas palavras sonhadas
Nas roubadas
Nas desesperadas

E foi no silêncio que escolhi calar
sei que poderia se o permitir
ver crescer em mim infernos 
nos que lembrar palavras 
que nunca foram minhas

Mas no ventre do silêncio decidi
destroçar a arqueologia de todo eco
ouvir apenas os tambores do medo
meu medo que fala alto 
meu medo que se impõe
até apagar esse abismal silêncio


FONTE: republicadarousia.blogspot.com

 

4 comentários:

Leide disse...

"Só ante o silêncio",(Concha Rousia) quanta poesia e introspecção nesse poema!
Gostei muito.

Concha Rousia disse...

Jorge, meu camarada na poesia, na luta e na resistência... Agradeço que divulgue meus versos, minha voz, minha dor... Ahhhh este poema lembro exatamente o momento que o escrevi... Abraços com ternura meu amigo querido.

Concha Rousia disse...

Ó Leide, se eu te contara... Obrigada pelo carinho, pela presença, pela amizade, abraço com carinho.

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Concha e Leide, amigas da palavra e do silêncio que sussurra no canto vento - a poesia de Concha nos dá caminho, horizonte e sonhos... nos humaniza guerreiros com risos e lágrimas; vida. Meu carinho e ternura... jorge